sexta-feira, 30 de outubro de 2015

MARCAS


Procuro pelas folhagens,
Que cobrem o meu caminho
Encontrar meus passos,

Que retratam as imagens,
Que registrei no pergaminho
Dos meus acertos e fracassos.

Marcas que o tempo
Deixou incrustada
Nas sombras do amanhecer,

E, que o vento.
Tangeu pela estrada
No crepúsculo do entardecer.

Vi o sol despontando
Por trás das dunas brancas
Com suas doiradas tranças;

Dos meus sonhos estava acordando,
Revivi minhas andanças,
Reencontrei-me com as lembranças,

Que ficaram gravadas
Nas paginas amareladas,
Rabiscadas pelas palavras
Da renúncia.

Das frases de amor não publicadas,
Pois não poderiam ser reveladas
Nem tão pouco editadas;
Perderam-se na ausência

De um até logo,
Que se transformou em adeus
Que nos deixou sozinhos;

Ocultos, sem diálogo,
Sem entender o que aconteceu
Perdidos entre flores e espinhos.













segunda-feira, 26 de outubro de 2015

PALCO DA VIDA


Quando as luzes se apagaram
E, eu fiquei sozinho;
Senti uma estranha sensação!
Será que recitei bem
O meu papel?

A plateia já tinha partido,
No camarim vazio,
Pouco a pouco
A ficção deixava
O meu rosto.

O eco dos aplausos
Não saía da minha mente.
Da sinopse da minha cena
Ficou uma lembrança
De tudo que eu representei.

Fui o protagonista principal
De uma história,
Que era só minha.
Caminhei pela
Coxia deserta

Contemplei o cenário
Vazio ao meu redor.
E uma incontida
Lágrima rolou
Pela minha face afora.

Fecharam-se às cortinas,
O espetáculo havia terminado.
E, no palco da vida,
Eu fui apenas
Um artista sem nome.







sábado, 17 de outubro de 2015

EU SEM VOCÊ

As minhas noites sem você
É como o firmamento
Sem luar,
É uma manhã
Sem sol.

Mas, eu preciso,
Aprender a viver
Sem você,
Esquecer que nos amamos;
Que tudo foi só ilusão.

Que os caminhos que trilhamos
Tinham direções opostas,
Que as estrelas
Que adornavam o nosso céu
Tinham um brilho falso.

Que eu te amei
Como se fosse o meu tudo,
Que tu eras a minha metade
Meu sonho vivo.

Que juramos um amor pra sempre
Que parecia ser infinito
Mas, que se perdeu,
Na distância que nos separa.

No sorriso que desapareceu
Dos nossos lábios;
Nas verdades escondidas
Por trás de uma lágrima.

No adeus,
Que ficou no vazio
Do instante derradeiro,
Do encontro
Do nosso olhar.

Mas, que fazer da vida,
Se eu preciso
Aprender a viver sem você.
Disfarçar a minha dor

No silêncio do meu cantar;
No anonimato das palavras,
Que não foram ditas
No momento da despedida.




domingo, 11 de outubro de 2015

CRIANÇAS (CRÔNICA)

          As crianças nascem em um mundo cujas regras precisam aprender e, como parte desse aprendizado, sempre questionam essas regras. Com o passar dos anos, vamos parando de questioná-las porque nos parece mais simples aceitá-las. Assim, andamos nas calçadas, comemos com talheres, escovamos os dentes e mantemos as roupas abotoadas. Todavia, a criança que habita dentro de nós continua de olhos bem abertos e pronta para questionar qualquer regulamento que lhe pareça absurdo.
          Às vezes obrigamos a criança interior a ficar em silêncio, pois suas perguntas nos embaraçam. Podemos ralhar com ela, escondê-la, puni-la, mais não temos como tirá-la de lá. Quando colocamos essa criança para dormir, estamos perdendo uma das melhores partes do nosso ser. É certo questionarmos, queremos ver por nós mesmos, em especial quando nos é solicitado fazermos algo que perturba nossa consciência. A criança não precisa sempre levar a melhor, mas merece nosso amor. Portanto, ame e nutra a criança que existe dentro de você, dê atenção às suas perguntas, que lhe poderão trazer novas respostas.
          Hoje, volto o relógio do tempo, e, lá estava eu, correndo pelos campos verdes da minha infância e no meu inocente olhar retratado os meus momentos de incerteza, a insegurança dos meus primeiros passos, e no meu ingênuo semblante a translúcida imagem retratada no meu sorriso, nas travessuras que brotavam do meu mundo interior a liberdade do espírito menino voando livre pelos caminhos floridos da materialização, da pureza do ser, da alegria de percorrer o desconhecido, suas nuances, seus segredos futuros que não nos foi dado o poder de conhecê-los previamente. Minhas fantasias de antigamente permanecerão sempre vivas dentro mim.
       Abra a porta do seu coração e liberte a sua criança, percorra os trajetos de outrora, role pelo gramado das suas recordações, permita que as lembranças aflorem naturalmente, deixe a sua imaginação reproduzir toda a emoção que você vivenciou, seja cúmplice da felicidade e viva toda a magia que um dia fez parte dos seus sonhos.          
        Ser criança é a primeira fase da nossa existência, é o estágio que fazemos para prosseguirmos na árdua caminhada da vida.