sábado, 16 de novembro de 2019

FIGURINO DA VIDA


Às vezes penso que estou sonhando,
Que a vida não tem fim;
Que sempre serei
Aquele inocente menino,

Correndo livre atrás das borboletas,
Que roubavam às pétalas
Das flores do seu jardim.

Que meditava nos bancos das praças
Apreciando a coreografia dos pássaros
No crepúsculo do entardecer.

Às vezes não quero acreditar
Na realidade que me rodeia;
Quando me deparo com a imagem
Refletida no espelho do presente.

Tudo mudou diante o meu frágil olhar;
O figurino já não é o mesmo
A metamorfose das épocas
Tudo transformou.

A moldura do quadro que outrora
Era colorida assumiu
Seu disfarce em preto e branco.

E na quietude do meu semblante
Vislumbro uma outra paisagem
Diante de mim.

No grisalho dos meus cabelos
A soma de tantas experiências,
Que o tempo pintou nas telas.
Da saudade.
 
Matizes de diferentes cores;
Disfarce que de nada adiantou
Pois, só agora percebo
Que a vida tem fim.