A nossa história tem o seu inicio em uma
das cidades mais icônicas e românticas da Itália, Florença, banhada pelo mar
mediterrâneo, possui uma exuberante beleza colorida.
Luigi Marini, nasceu num vilarejo nas
cercanias da bela Florença, filho de um ícone da pintura clássica, Enzo Marini,
mas que perdera tudo nas drogas e uma guia turística, Bianca Marini. Quando
tinha três anos de idade seus pais se separaram, e ele foi morar com um tio,
que não tinha condição financeira para custear os seus estudos. Aos quinze anos
já estava trabalhando, trilhava o caminho do seu pai, montou um ateliê no bonito
vale que rodeava a casa onde morava e retratava através da sua arte toda a magia
do lugar. Era uma paisagem bucólica que lhe inspirava a produzir obras maravilhosas.
Vivia da venda dos seus quadros em
pequenas exposições locais, que lhe rendiam o suficiente para viver. Aos poucos
foi conquistando o sucesso, Florença era considerada o berço do renascimento,
Sempre
sonhava com a figura de uma mulher linda loira de olhos verdes, que lhe
acariciava os seus cabelos e beijava sua face, no entanto, quando o dia nascia
ela ia embora, a fada dos seus sonhos desaparecia, e por mais que tentasse não
conseguia lembrar da sua angelical fisionomia.
Luigi, continuava à sua escalada célere
rumo ao sucesso, cada vez mais se destacava no cenário europeu, no entanto, apesar
da fama carregava dentro de si uma enorme tristeza, quase sempre se isolava na
cobertura do seu luxuoso apartamento, ali permanecia horas e horas contemplando
o brilho fascinante das estrelas, as
lembranças se sucediam em sua mente como as nuvens de algodão, levadas
pela suave aragem que desalinhava os seus cabelos quando perambulava pelas
praças da sua aconchegante cidade, retratando as
riquezas naturais que desfilavam diante do seu olhar sonhador.
No entanto, algo o intrigava, o porquê da presença
daquela mulher em seus sonhos, porquê quando despertava não conseguia reter à
sua imagem em sua mente e
poder retratar toda à sua exuberante formosura em suas telas. Ela era como uma
deusa noturna que quando
adormecia aparecia em sua subconsciente vida, iluminando os seus
caminhos com cintilar de esmeraldas que emanavam do seu olhar; de pele suave de
uma brancura que se assemelhava aos lírios dos jardins da sua infância, seus
cabelos tinha os fios dourados que pareciam ter sido tecidos por um artesão
divino, tinha no seu sorriso a mais
linda mensagem de amor que brotava do seu coração através da doçura dos
seus lábios. No, entanto, tudo era apenas uma ilusão que habitava seu
pensamento e se dissipava ao alvor do amanhecer.
A Bienal de Veneza, Itália, era um dos espaços
de arte mais importantes do mundo e Marini foi o artista mais premiado da
exposição, para ele seria só mais um evento do qual ele sempre era o mais
laureado, se não fosse o novo rumo que tomaria à sua vida a partir daquele
momento.
A madrugada estava deslumbrante,
a lua despontava no magnifico firmamento italiano, a rainha dos amantes,
reinava soberana ladeada pelas princesas da noite, estrelas cadentes que pontilhavam
o céu azul de dezembro. Luigi, mais uma vez, estava em seu lugar preferido, seu
refúgio de paz, seu recanto predileto onde costumeiramente marcava um encontro com
a saudade de um passado que tanto o atormentava. Hoje
era considerado um dos maiores expoentes das artes plásticas mundial, porém era
um ser marcado pela solidão, pois jamais conheceu à sua família. Onde estariam seus
pais? Será que ainda estariam vivos? Sorveu mais um drink do seu whisky
favorito, Dulmore 62, e sentiu que as lágrimas rolavam pela sua face sem que
pudesse contê-las. Adormeceu em meio a brisa fresca que açoitava seu corpo.
E, mais uma vez a visão daquela
angelical mulher se fez presente em seus devaneios, subitamente acordou com a
presença viva daquele anjo em sua mente. Ainda sonolento abriu a porta do
estúdio e se, pois, a retratar através dos seus pincéis todo encanto daquele
rosto que agora parecia ser tão real. Todos detalhes afloravam da sua memória como
se estivessem adormecidos dentro de si. Foram dias e noites sem sair do estúdio
produzindo aquela obra que seria a mais importante da sua vida. Ao final da terceira
noite de intenso trabalho terminou a sua missão, e só então pode contemplar a
maravilha que havia produzido. Ali, estava reproduzida na tela rústica do seu
ateliê a sua divina criação de raro esplendor, tinha no semblante uma chama
diferente de amor que lhe fascinava cada vez mais. Desde então nunca mais ela
apareceu em seus sonhos.
Era dezembro do ano de 1960, já se respirava
o clima do Natal na Europa, a neve cobria os campos e cidades, quando Luigi
Marini, recebeu o convite para participar de um dos mais notáveis fenômenos da
arte contemporânea, o Kassel, que seria realizado na Alemanha com a presença
dos artistas internacionais mais relevantes. De imediato aceitou o convite,
afeito a participar dos grandes espetáculos das artes e sem saber por que esse
tinha uma motivação especial que o impulsionava para comparecer.
Ali estavam presentes os mais renomados
artistas da Pintura mundial e Luigi, era o mais famoso deles. Era uma festa
grandiosa onde se respirava o aroma da mais alta aristocracia europeia. Suas
obras estavam expostas na galeria principal do salão nobre do Teatro Alemão.
Estávamos na semana que antecedia as comemorações natalinas.
Ao perceber que uma jovem senhora
observava um dos seus quadros ele se aproximou e a cumprimentou, vejo que gostou
desse quadro, tal qual não foi à sua
surpresa e por pouco não chegou a desmaiar com a semelhança daquela mulher com
a imagem que ele havia pintado, mesmo assim logo se refez e ela o olhou
fixamente, sim! É uma belíssima obra, gostaria de conhecer o artista que a
produziu, sou a embaixatriz da França na Alemanha, Bianca Marini Julien e o
senhor? Chamo-me, Luigi Marini, eu sou o autor dessa obra, que Deus me permitiu
reproduzir dos meus sonhos para a realidade, através da qual eu pude lhe
encontrar minha Mãe.
NOTA
DO AUTOR: Esta é uma obra de pura ficção qualquer semelhança é mera
coincidência.
Autor
– José Valdomiro Silva