domingo, 21 de janeiro de 2024

RELEMBRANDO FATOS ANTIGOS (CRÔNICAS )

        A vida é assim, seus caminhos são pontilhados pelas surpresas que se contrapõem aos dogmas filosóficos. No paradoxo das nossas caminhadas às vezes nos deparamos com as encruzilhadas das suas estradas que nem sempre nos conduzem ao destino que planejamos. Ela é silenciosa e nunca nos revela os seus segredos, é uma incógnita, impossível de conhecer os seus resultados, pois as suas variáveis são parâmetros que estão além da capacidade da mente humana. Tudo é criptografado no incógnito livro do nosso destino. A cada dia uma nova página é escrita; a cada virgula um novo parágrafo; a cada ponto um novo capítulo é redigido.

        Sabe aquele tempo que vivi e que jamais esquecerei? Foi maravilhoso e permanece até hoje na minha memória. A magia das ruas ainda rústicas, pintavam a natureza, com o seu design encantado que me extasiava com suas formas geométricas. Caminhei pelas estradas carroçáveis dos verdes campos da juventude, fascinado pelas paisagens de uma época áurea. Fui artífice e ator das peças encenadas pelos palcos por onde passei. As máscaras que usei deixe-as nos jardins das flores que cultivei e desabrocharam nos canteiros de uma imensa saudade.  

         Eu queria despertar das relíquias do passado, os momentos lindos que vivi, corrigir os meus erros e dá vida as minhas fantasias, poder despertar o silêncio dos segredos que me foram proibidos revelar. Eu queria transformar em realidade os meus sonhos que na minha inocência deixei morrerem sem ao menos tentar vivê-los. Sentir na minha boca a doçura daqueles lábios anônimos que me encantaram e me levaram a descobrir pela primeira vez uma estranha sensação e que depois vim a descobrir que era amor. Sinto o frescor da brisa dos finais das tardes de verão tocando o meu rosto como antigamente umedecendo o meu corpo com o orvalho de um crepúsculo mágico que foi cenário das minhas paixões proibidas.

         Sempre lembrarei das belezas que jamais conseguirei apagar da minha mente fui e sempre serei um viajante de outras épocas cavalgando pelos vales; pelas planícies, bailando pelas ondas feiticeiras de um mar que purificou meu corpo e elevou à minha alma para além das estrelas onde moram as musas encantadas dos versos e rimas das minhas poesias, que flutuam pelo infinito mundo das minhas recordações.

          Ah, como queria correr atrás das minhas translúcidas ilusões e torná-las realidade dentro dos meus pensamentos. Eu queria viajar pelas minhas miragens e poder torná-las reais, mas tudo é impossível, não se pode trazer de volta o que o tempo transformou em cinzas, me despeço dos meus devaneios e me encontro com o misticismo do meu presente que dentro em pouco será mais uma lembrança adormecida no meu passado.