sexta-feira, 29 de maio de 2015

ATÉ BREVE (CRÔNICA)

         
   Às vezes paramos para refletir e no incontido desejo de reviver as coisas belas que deixamos espalhadas pelas trilhas que construímos em nossas caminhadas, folheamos parte do livro da nossa existência que escrevemos, somos personagens de tantas cenas e atos que interpretamos no magnífico teatro da vida, em cada palco um show diferente.
  São textos produzidos que relatam parte da nossa história. Parágrafos e capítulos inconclusos que se sucederam a tantos outros que julgávamos sem importância e que ficaram esquecidos na biblioteca do tempo empoeirados pelos detalhes que marcaram os trajetos pragmáticos entre o abstrato dos sonhos e o concreto da realidade.
    No intrínseco do nosso ser guardamos tesouros que somente os olhos da alma podem enxergá-los, pois são sentimentos que transcendem a razão; são imensuráveis, lapidados pelo espírito que habita em nós.
  Navegamos pelo finito momento presente, tão atraente, sua sutileza nos domina e nos conduz pelos seus atalhos, tão fugazes, como o intrépido vento que embala as ondas dos mares, brilhante como as estrelas que cintilam no firmamento.
    Na infinita passarela do amanhã não temos presença garantida, não sabemos se seremos convidados para desfilar no iluminado templo do futuro. Não temos acesso aos seus camarins, não podemos conhecer as nuances dos seus bastidores.    
    O descortinar das lembranças é como a neblina que aflora  transformando a paisagem da natureza, por trás do seu nevoeiro sempre existirá uma página em branco sem índice, pois a nossa estadia neste mundo é apenas uma sinopse da nossa obra literária.