Quantos caminhos trilhados, obstáculos que eu pensei que poderiam superá-los,
quantas lágrimas derramadas solitariamente no silêncio do meu quarto, tentando
esquecer o que jamais poderia ser esquecido, quantos sonhos realizados e outros
ficaram adormecidos no meu pensamento.
O meu tempo está acabando, ele vai
passando e me levando junto consigo, meu olhar se perde na distância dos anos
que já vivi na minha existência nômade. Por mais que eu tente lembrar quem fui
o que fiz ou deixei de fazer seria injusto comigo mesmo. Pois tudo faz parte de
uma coletânea de narrativas que rabisquei no diário de bordo da minha viagem.
Sigo meu roteiro, sou intérprete de um script
que me foi apresentado sem saber o seu conteúdo. Vivo cada segundo, minuto e
hora do meu presente, pois ele é a única certeza que tenho de que à minha
missão por aqui ainda não terminou, não sei se me encontrarei com o amanhã,
talvez ele não me espere e eu não poderei contemplar o seu lindo amanhecer, o
resplandecer dos raios dourados do seu sol anunciando mais uma fase no ciclo da
minha jornada.
O rio da minha vida segue o seu curso
normal vou navegando pelos seus afluentes sem rumo algum, não sei qual o porto
em que desembarcarei, quem sabe, será naquele cais lindo adornado pelas flores
marinhas, trazidas pelas gaivotas bailarinas, coreografando o crepúsculo de
mais um dia e levando consigo uma parte das minhas utopias, dos meus incontidos
desejos.
Assim, vou vivendo, ora, emaranhado com
os meus devaneios, que me fazem divagar pelas minhas recordações, ou então,
quando me encontro com a realidade, e a saudade acorda o sono das minhas
lembranças e outra vez, me reencontro com os meus momentos passados, alguns
valerão a pena revivê-los, pois sempre serão a minha referência para os meus
passos futuros, outros, deverão ficar perdidos no meu esquecimento, pois foram
pesadelos que agitaram à minha passagem por esse plano.
Então me vejo, no mirante da vida, contemplando
o mesmo horizonte de antigamente, sua beleza natural, seu misticismo, sua bela
e infinita imagem me faz acreditar que ser feliz é poder repaginar os fatos
antigos, e vive-los agora. Só então percebo como foi maravilhoso chegar até
aqui e do alto da pirâmide da idade contemplar o percurso percorrido. Sentir no ar o mesmo perfume que aromatizou o meu
berço, às minhas origens. E na minha introspecção, avaliar as batalhas
travadas, meus fracassos, talvez, motivados pelo medo de enfrentar os desafios,
às curvas inesperadas que o destino edificou ao longo da minha estrada e as
minhas vitórias que sempre me proviam das forças necessárias para seguir em
busca dos meus objetivos.
Nada
que acontece em nossas vidas é por acaso, tudo foi cuidadosamente planejado
pelo supremo arquiteto do universo, cada um tem à sua parte para ser
desempenhada. Somos pequenas partículas de uma energia que foi criada para
agregar o corpo ao espírito, porém tudo tem começo, meio e fim.