Procuro encontrar pelos
lugares, que outrora passei, á virtual presença de alguém que esteve no meu mundo
e que partiu. Em cada canto sinto o seu cheiro,
seu meigo olhar permanece diante dos meus, talvez seja apenas uma miragem, que nada
acabou que tudo foi um engano passageiro, que havíamos nascidos um para o outro.
Que às juras secretas que fizemos eram verdadeiras, que o desejo que nos
dominou jamais poderia nos abandonar. E, que a chama ardente daquela paixão nunca
se apagaria.
No
entanto, tudo que vivemos foi pura ilusão, apenas uma aventura que se foi levada
pela brisa fria de uma melancólica tarde de inverno, quando o sol se escondia
por detrás dos montes. Caminhei pela rua deserta, nas vitrines o incólume
silêncio dos manequins acompanhava os meus passos. Refiz nossos antigos
trajetos, acampei nos nossos recantos preferidos e, então às lembranças pouco a
pouco foram aflorando no meu pensamento. Nosso primeiro encontro, um beijo
roubado que uniu nossos lábios num doce apelo; o suor dos nossos corpos nos
purificando sob à luz de um luar prateado que refletia em nossos rostos o
fulgor dos nossos anseios.
Ao longe um barco solitário velejava
lentamente, agitando suas brancas velas ao vento, tangido pela marola das ondas
de um mar sereno, levando consigo, toda ternura, toda pureza de um amor, que
nos encantou com às suas distintas fases e que foi lindo demais, enquanto
durou.
Tudo em volta já não tinha mais importância;
nosso barzinho à beira da praia, a mesa vazia, àquela canção que tantas vezes embalou
nossos sonhos já não possuía à harmonia de antes, faltava um pouco de cada um de
nós, naquele cenário deserto. E, eu continuei, ali, contemplando à beleza
daquele mar, que outrora fez parte dos nossos sonhos. Por entre as cinzentas nuvens vislumbrei à
nossa estrela preferida, sumindo em meio à neblina do crepúsculo, seu
incandescente brilho se tornou opaco e, ela partiu levada pelo nevoeiro da
solidão.
Talvez, tenhamos sido amantes em uma época
errada, se bem, que não existe ocasião própria para o sentimento de amar fazer morada em nosso ser. Ele chega de repente, de
mansinho e nos conquista através de um belo sorriso, sem que nós percebamos,
sem encontro marcado, há momentos que ficam na vida e nos acompanham para
sempre. E quando menos esperamos nos vira do avesso e no folhear das páginas
amareladas do passado, existirão tantas perguntas que não tiveram retorno e que
jamais poderão ser respondidas no tempo presente, pois o que passou se foi não
volta mais, são recordações que estarão adormecidas eternamente no recôndito do
nosso coração.