terça-feira, 26 de maio de 2020

MERO ESPECTADOR


Meus pensamentos voam pelos atalhos
Que percorri num tempo
Que se perdeu nas lembranças;
Que ficaram adormecidas
Pelas estradas que trilhei.

Dos primeiros e inseguros passos;
Da infância já distante
Ao trôpego caminhar de hoje  
Pelos campos da maturidade.

Das belas paisagens dos vales verdes
Que se transformaram na selva
De pedras das cidades que me rodeiam.

A sinfonia das matas perdeu à sua harmonia,
 O mavioso canto dos pássaros emudeceu;
Meu olhar não mais vislumbra
A magia da natureza renovando a vida.

O esfuziante fluxo das ruas me assusta;
Seus inertes personagens nas vitrines
São figurantes de um espetáculo
De disfarces que se escondem
 Atrás das mascaras.

Sou um mero espectador em um teatro
De cenário invisível e indefinido;
Esperando o próximo ato de uma peça
Sem saber se serei protagonista
De uma das suas cenas.