segunda-feira, 22 de junho de 2020

ESTRELAS BRILHANTES (CRÔNICA)



     Como é lindo contemplá-las cintilando no firmamento, na imensidão do palco iluminado onde vocês estão, meu olhar é uma extensão do telescópio do meu coração, sinto que cada uma, um dia esteve aqui. Nos encontramos pelas estradas dessa vida mesclada de tantos sentimentos. Fomos familiares  e amigos das horas certas e incertas, amamos e fomos amados, trilhamos os mesmos caminhos, mas diante das adversidades do destino nos separamos precocemente, não sei se foi em uma manhã de lágrimas caindo em gotas de chuva ou no cair de uma tarde cinzenta, sem o pôr do sol, ou em uma noite melancólica, quem sabe talvez, em uma triste madrugada sem luar, que vocês partiram e como sempre, não tivemos tempo de nos despedimos, simplesmente se foram em uma viagem sem retorno.
     Hoje, nesse período de confinamento, a saudade aflora mais intensa, e busco nos meus arquivos do passado tantos momentos bons que vivemos, lembranças que vem de longe, quando éramos crianças e corríamos pelos vales verdes da nossa inocência. Os coleguinhas de escola, as brincadeiras de infância, os primeiros passos da nossa existência, suas nuances, que nos faziam felizes em nosso pequeno palco, tão colorido, tão lindo, repleto de surpresas e a cada dia um novo encanto.
     E tudo passou tão rápido, chegou talvez, a época mais surpreendente para nós, a juventude, nossos sonhos, nossas ilusões, nossos amores que na maioria das vezes tinham um sabor diferente, norteados pelo desconhecido palpitar de um coração que ainda era ingênuo e virgem, às desilusões amorosas, não sabíamos o quanto era maravilhoso e doloroso o sentimento de amar, tudo era uma fascinante fantasia. Nosso ambiente mutante, que a cada momento tinha uma face diferente. As perguntas que na maioria das vezes ficavam sem resposta, pois nos faltavam segurança para percorremos os incógnitos atalhos que do nada surgiam à nossa frente.
     O tempo transcorreu rapidamente, e veio a idade adulta, aí tudo mudou, nossos sonhos, o encanto aos poucos foi se dissipando dando lugar a realidade que até então não sabíamos qual era o seu sabor, se tinha a doçura da meninice; das conquistas ou o gosto acre da busca do verdadeiro sentido de viver, seus desafios, as injustiças de um mundo cada vez mais desumano, onde os valores  morais, sociais e éticos são desvirtuados, contribuindo gradativamente para que não tenhamos uma convivência harmoniosa dentro da sociedade.    
    Minhas estrelas brilhantes, que estão lá no alto, irradiando suas luzes do cosmo celeste sobre todos que aqui ficaram no cumprimento da missão, que nos foi outorgada pelo supremo criador do universo. Separados estamos pela infinita distância, no entanto, estamos em sintonia com espírito que habita os nossos corpos e quando a chama da vida se apagar nos encontraremos em outro plano.