terça-feira, 17 de janeiro de 2023

NINGUÉM PARA ME OUVIR

 

Fechei os olhos pra não lhe ver partir

Pois as lágrimas teimavam a escorrer

Pelo o meu rosto marcando um caminho

Que não tinha mais volta.

 

Seus passos foram se distanciando

Em meio as flores que brotaram

Na nossa última primavera;

Seu vulto foi sumindo por entre os espinhos

 

Que ficaram encravados no meu coração

Deixando as cicatrizes de um impávido amor,

E o silêncio passou a ser o meu companheiro

Nas noites de intimista insônia.

 

Amarga solidão que comigo veio morar

E ocupou o vazio da ausência

Que você deixou na minha vida;

Foi então que abri o diário

 

Da nossa história e percorri

As suas amareladas páginas,

Parágrafos e capítulos que alternaram

Nossos sonhos; nossas realidades.

 

Aos poucos o tempo nos foi transformando

E de repente eu me vi sozinho

Na escuridão do meu eu;

Sem ninguém para me ouvir.