sábado, 24 de outubro de 2020

PLATEIA VAZIA

 

 

Mais uma vez meu coração

Ficou partido quando às luzes

Acenderam-se e não te encontrei na plateia

De mais um ato do meu espetáculo.

 

Na primeira fila não te achei

Uma cadeira estava vazia   

No teu lugar apenas um lenço branco

Acenava-me com uma frase

 

Escrita com um batom vermelho;

Amei-te como ninguém no mundo amou

Sempre sonhei com teu amor

Mas, infelizmente nosso tempo passou.

 

Uma lágrima incontida rolou pelo meu rosto

Desfazendo a maquiagem de um personagem

Que para mim deixaria de existir,

Foi assim que encenei minha última peça

 

Num palco vazio sem à atriz principal

Interpretando um script que foi escrito para dois

Apenas restou uma inesquecível imagem

Que ficou no silêncio de um camarim deserto.

 

No show da vida o seu final é imprevisível

Repleto de atrações anônimas

Que não tem roteiro definido.

CAIS DO TEMPO

 

Lá vem o trem da ilusão

Locomovendo-se sobre os trilhos

De um solitário coração.

Em seus vagões vem os amores andarilhos;

 

As paixões que se tornaram proibidas;

Lembranças que são apenas fragmentos

Das chegadas e partidas

Dos sentimentos adormecidos no pensamento.

 

Lá vem o voo dos amantes da vida

Flutuando por entre as nuvens da felicidade

Onde se esconde àquela história desconhecida

Que um escritor escreveu no livro da saudade.

 

Das palavras soltas vagando pelo ar

Dos belos momentos que foram vívidos,

Do lindo brilho de um anônimo olhar

Que jamais poderá ser esquecido.

 

Lá vem o barco das recordações

Navegando nas águas claras dos reencontros

Com às românticas canções

Dos grandes encontros.

 

Que ficaram nos versos e rimas de uma poesia

Que um poeta boêmio rabiscou

Nas página em branco da sua fantasia,

Que no cais do tempo escrito ficou.