sábado, 8 de outubro de 2016

PROCEDÊNCIA



Eu venho de longe!
Das campinas floridas;
Dos vales verdes
Da esperança.

Eu venho de um regato
Chamado saudade,
Que invade o meu ser
E transforma minha alma.

Mergulhei nas águas mansas
Dos riachos do tempo
E, me deixei ser levado,
Pelas suas turvas correntezas.

Navego pelos oceanos
Das recordações,
E me encontro com a sedução
Dos olhares que me possuíram,
E desnudaram meu corpo.

Sou como as nuvens
Passageiras, que o vento,
Transporta em suas asas,
Quando chega a madrugada.

Afogo-me nos igarapés
Das brisas das lembranças.
Dos suaves murmúrios
Que me acalentaram

No colo dos amores;
Que me consumiram
Nas noites profanas;

Que me embalaram,
Nas mornas ondas,
Dos mares dos prazeres ocultos.

Eu venho do silêncio!
Dos campos adormecidos
Pelo canto das cigarras,
Que enfeitiçaram meu coração.

Contumaz amante
Das ardentes paixões,
Que me fizeram prisioneiro
Dos seus caprichos.