Hoje me encontrei com a saudade,
saudades da minha Querida Natal antiga, onde se respirava a liberdade de caminhar
livremente pelas suas avenidas e ruas, iluminadas pelos raios doirados da
liberdade; símbolo maior da cidade do sol. Das suas noites estreladas que nos
conduziam pelas suas vielas boemias, alumiados pelo clarão da mais fascinante
lua.
Lembro ainda, das lindas canções que me
despertava nas suas madrugadas, na voz de um boêmio sonhador sob os acordes de
plangentes violões e acordeões, que choravam junto comigo quando às lembranças
despertavam o meu coração para a realidade. E,
aí, eu abria a janela do meu quarto, e exteriorizava toda a minha emoção ao
contemplar à apoteótica imagem que se desenhava diante dos meus olhos.
Cresci neste ambiente
romântico que conduziu minha adolescência. Naquela época, ficávamos até altas
horas, prestando tributo a deusa maior da boemia; a musa inspiradora das minhas
poesias, que no céu flutuava desnuda de todo preconceito, amada por tantos: ébrios que desafogavam suas mágoas sob à luz prateada do seu luar; da patenteada
sofrença daqueles abandonados pelos os amores da vida.
No entanto, o tempo passou, trazendo em sua
carruagem florida os espinhos da modernidade, o progresso, e me trouxe junto
com ele, tudo mudou, os sonhos de ontem já não são os mesmos de hoje. A
violência desenfreada se ergue assustadoramente diante de nós como barreiras
intransponíveis e se perpetua pelos nossos lares, num total desrespeito aos
Princípios Fundamentais da Constituição da República Federativa do Brasil.
Ah, Minha Natal! Como tudo mudou! Percorrendo os velhos caminhos de
antigamente, já não mais encontro o reluz da sua paz; o airoso perfume da sua
brisa litorânea, o seu orvalho noturno que umedecia os meus cabelos quando
vagava pelos seus logradouros.
Uma melancolia infinita toma conta de
mim, quase que não vejo mais os seus carrinhos de sorvetes; pipocas; coco
verde; doces e tantas outras iguarias que eram vendidas livremente aos
transeuntes que ornamentavam suas ruas. Em seus lugares surgem os tanques e
viaturas das forças armadas, que mais uma vez foram chamadas para restabelecer
a ordem no território potiguar.
Até quando teremos de
conviver com essa insegurança? Até quando suportaremos receber à triste notícia
da partida prematura de amigos, familiares e cidadãos Norte-Rio-Grandenses, que
têm suas vidas ceifadas pelo poder do crime organizado que atua livremente em
nosso estado. ATÉ QUANDO?
Você será sempre a princesa do
Nordeste brasileiro, que a todos encanta com às suas belezas naturais; com a
hospitalidade do seu ardoroso povo. O ponto de encontro dos amores que por aqui
passaram e se foram levando as mais belas recordações ou aqueles que por aqui ficaram
radicados em seu solo e foram adotas pela sua extrema grandeza.
Crônica escrita na madrugada
de 30 de janeiro de 2017: por J,Valdomiro.