Meu olhar se perde na distância, paro
de digitar o texto que estava produzindo e vejo que estou no caminho errado, às
ideias não se concatenam, então, contemplo a magia de mais uma tarde que
timidamente começa o seu reinado, a natureza parece adormecida no atelier da
renovação, a roupagem das árvores que se agitam diante de mim são descartadas
formando um lindo tapete de cores amarronzadas; são às folhas do outono, que é
considerado o príncipe das transformações; o artesão das estações, que tão bem
conduz nossas emoções norteadas pelo misto de contentamento e melancolia, que
faz da arte sublime de compor, a singela expressão que manifesto através dos meus versos e rimas.
Viajo pelas minhas lembranças e, me
encontro com outras tardes, minhas belas tardes de domingo; junto ao mar
admirando suas ondas multicores me envolvendo com seu misticismo, suas lendas e
mitos; que sempre me deixavam fascinado ao contemplá-las. Sinto o frescor da
brisa litorânea acariciando o meu rosto, desalinhado meus cabelos; às horas
passam, mas, não consigo perceber que preciso ir embora, que devo deixar meus
sonhos ali, adormecidos em forma de poesia, mesmo sabendo, que às espumas
brancas da praia não permitirão à sua publicação.
O
relógio do tempo muda rapidamente, agora, sentado no banco da praça, vislumbro
a melancolia da tarde se despedindo, o céu está nublado, uma gaivota lá no alto
parece perdida sem direção, vagueia solitariamente em busca do seu ninho. E, eu
medito sobre o jogo da vida, peleja constante que travamos no difícil processo
de viver; onde não existe empates e, somente dois resultados são previsíveis:
vitórias e derrotas, mas é preciso que saibamos aproveitar em toda à sua
plenitude os momentos de felicidades que surgem em nossos caminhos, bem como
aprender com às lições advindas das adversidades para utilizá-las como
referência para novas conquistas.
De repente uma revoada de pássaros me
desperta dos meus pensamentos, aos poucos às sombras vão surgindo no horizonte
distante em meio a fina neblina que começa a cair, e a tarde aos poucos se vai
encerrando mais um dia, mais um ciclo da nossa existência. Leva consigo um
pouco de nós, alguns também se vão junto com ela e nem sequer tiveram tempo de dizer
adeus, pois a fatalidade os levaram precocemente para longe do nosso convívio,
nos deixando um enorme vazio que jamais será preenchido.
Como a vida é transitória, não adianta
tentar descobrir os seus mistérios, pois jamais conseguiremos decifrá-los, pela
manhã vem o sol, brilhante, irradiando toda à sua alegria nos aquecendo com
seus raios dourados, enchendo-nos de energia para enfrentar os desafios de um
novo cotidiano. Acordamos com a sensação de que tudo se renova e que o novo
amanhecer nos trará mais esperança, que a caminhada do presente será menos
árdua do que à trajetória do ontem.