domingo, 9 de abril de 2017

MEDITANDO (CRÔNICA)



         Meu olhar se perde na distância, paro de digitar o texto que estava produzindo e vejo que estou no caminho errado, às ideias não se concatenam, então, contemplo a magia de mais uma tarde que timidamente começa o seu reinado, a natureza parece adormecida no atelier da renovação, a roupagem das árvores que se agitam diante de mim são descartadas formando um lindo tapete de cores amarronzadas; são às folhas do outono, que é considerado o príncipe das transformações; o artesão das estações, que tão bem conduz nossas emoções norteadas pelo misto de contentamento e melancolia, que faz da arte sublime de compor, a singela expressão que manifesto através dos  meus versos e rimas.
        Viajo pelas minhas lembranças e, me encontro com outras tardes, minhas belas tardes de domingo; junto ao mar admirando suas ondas multicores me envolvendo com seu misticismo, suas lendas e mitos; que sempre me deixavam fascinado ao contemplá-las. Sinto o frescor da brisa litorânea acariciando o meu rosto, desalinhado meus cabelos; às horas passam, mas, não consigo perceber que preciso ir embora, que devo deixar meus sonhos ali, adormecidos em forma de poesia, mesmo sabendo, que às espumas brancas da praia não permitirão à sua publicação.           
        O relógio do tempo muda rapidamente, agora, sentado no banco da praça, vislumbro a melancolia da tarde se despedindo, o céu está nublado, uma gaivota lá no alto parece perdida sem direção, vagueia solitariamente em busca do seu ninho. E, eu medito sobre o jogo da vida, peleja constante que travamos no difícil processo de viver; onde não existe empates e, somente dois resultados são previsíveis: vitórias e derrotas, mas é preciso que saibamos aproveitar em toda à sua plenitude os momentos de felicidades que surgem em nossos caminhos, bem como aprender com às lições advindas das adversidades para utilizá-las como referência para novas conquistas.
      De repente uma revoada de pássaros me desperta dos meus pensamentos, aos poucos às sombras vão surgindo no horizonte distante em meio a fina neblina que começa a cair, e a tarde aos poucos se vai encerrando mais um dia, mais um ciclo da nossa existência. Leva consigo um pouco de nós, alguns também se vão junto com ela e nem sequer tiveram tempo de dizer adeus, pois a fatalidade os levaram precocemente para longe do nosso convívio, nos deixando um enorme vazio que jamais será preenchido.
      Como a vida é transitória, não adianta tentar descobrir os seus mistérios, pois jamais conseguiremos decifrá-los, pela manhã vem o sol, brilhante, irradiando toda à sua alegria nos aquecendo com seus raios dourados, enchendo-nos de energia para enfrentar os desafios de um novo cotidiano. Acordamos com a sensação de que tudo se renova e que o novo amanhecer nos trará mais esperança, que a caminhada do presente será menos árdua do que à trajetória do ontem.