sexta-feira, 12 de outubro de 2018

CRIANÇA ADORMECIDA (CRÔNICA)


          Na inocência de uma criança está retratada toda pureza da vida, o desabrochar de uma flor divina, advinda dos jardins do paraíso, na doçura do seu olhar encontramos uma paz infinita que transcende a racionalidade humana; do seu sorriso emana a mais bela canção que acalanta nossos sonhos e nos faz navegar pelo oceano das emoções. Anjo de candura que do brilho do seu olhar espraia a tênue luz do incondicional amor.         
           As crianças nascem em um mundo cujas regras precisam aprender e, como parte desse aprendizado, sempre questionam essas regras. Com o passar dos anos, vamos parando de questioná-las porque nos parece mais simples aceitá-las. Assim, andamos nas calçadas, comemos com talheres, escovamos os dentes e mantemos as roupas abotoadas. Todavia, a criança que habita dentro de nós continua de olhos bem abertos e pronta para questionar qualquer regulamento que lhe pareça absurdo.
           Às vezes obrigamos a criança interior a ficar em silêncio, pois suas perguntas nos embaraçam. Podemos ralhar com ela, escondê-la, puni-la, mais não temos como tirá-la de lá. Quando colocamos essa criança para dormir, estamos perdendo uma das melhores partes de nós. É certo questionarmos, queremos ver por nós mesmos, em especial quando nos é solicitado fazermos algo que perturba nossa consciência. A criança não precisa sempre levar a melhor, mas merece nosso amor. Portanto, ame e nutra a criança que existe dentro de você, dê atenção às suas perguntas, que lhe poderão trazer novas respostas.
           Deixe-a livre para percorrer os caminhos da volta; das lembranças que outrora nos elevou pelo mundo mágico da puerícia. Pelos caminhos abstratos da imaginação; dos momentos lúdicos vividos no encanto da infância.
           Assim desperta a saudade que vem de longe que nos conduz por entre a poeira do tempo e nos faz outra vez sentir em nosso rosto a suave brisa da liberdade.