A vida era maravilhosa, para Angel
Martín e Andressa Vasquez Martín, ele piloto de aviação civil e ela engenheira aeronáutica
de uma multinacional americana. Espanhóis nascidos na aconchegante cidade de
Sam Sebastían, mas radicados em Madrid, residentes no luxuoso bairro de
Salamanca, viviam num paraíso terrestre, no entanto, a rota de felicidade que
norteava seus caminhos seria mudada separando para sempre às suas vidas.
As flores espraiavam seu perfume pelo
ar daquela tarde de primavera, Angel e Andressa, deslizavam suavemente em seu
Maserati conversível em gozo de férias, rumo à sua cidade natal, tudo parecia
um sonho, reverem a família que a muito não viam, sentir o cheiro natural dos
jardins que naquela época do ano estavam cada vez mais floridos, cavalgar pelos
campos verdes como antigamente faziam na propriedade dos seus pais.
A cada quilometro percorrido as paisagens se
sucediam cada uma mais bela que outra, nada mudara tudo estava como antes, a
ansiedade de chegar aumentava e sem que percebessem cada vez mais Angel pisava
mais fundo no acelerador, e foi aí que tudo aconteceu, à 30 Km de Sam
Sebastían, traídos pela fatalidade sobraram em uma curva e o veículo capotou
várias vezes. Era o fim de um conto de fadas, que precocemente chegava ao seu
final.
O socorro chegou de imediato, no
entanto, Andressa não resistiu e veio a óbito ainda no local do acidente, se
foi como uma borboleta que alça seu último voo em direção aos jardins celestes.
Angel foi socorrido em estado gravíssimo para o hospital mais próximo, onde
ficou internado por várias semanas travando uma luta feroz contra à morte.
O
tempo passou, já haviam transcorridos cinco anos, Angel solicitara a sua
transferência para Berlim, procurava esquecer às tristes recordações do passado
na agitada capital dos alemães.
Sozinho,
desde aquele momento fatídico que mudou para sempre a sua vida, dedicava-se
única e exclusivamente à carreira de piloto da aviação civil comercial de
transporte de passageiros. Financeiramente bem-sucedido, de porte atlético
invejável, cabelos grisalhos, trazia no luzir cinzentos dos seus olhos azuis
uma infinita nostalgia. Era considerado pelas comissárias de bordo um dos mais
belos comandantes de sua área profissional. Mesmo assim, ele continuava enclausurado
em seu solitário mundo.
Certa vez, estava de serviço operando um
Airbus A380, da Lufthansa, com pouso final em Paris, era um céu de brigadeiro,
as estrelas cadentes bailavam a sua frente como gotas de diamantes. Angel se
sentia cansado, talvez, o excesso de trabalho estivesse contribuindo para esse
esgotamento físico e mental e já tinha agendado uma visita ao seu médico
particular. O copiloto havia se retirado por alguns minutos da cabina e a
condução da aeronave estava no piloto automático.
Sua vista escureceu, e Angel adormeceu
sem ter tempo de acionar o aviso de emergência, poucos segundos depois, a
aeromoça, Anália Puentes, ao levar o seu lanche o encontrou desacordado.
Ao recuperar a consciência, Angel Martín,
estava internado na UTI de um hospital francês, havia sofrido uma parada
cardíaca, a intervenção de sua comissária de bordo e a proximidade do aeroporto,
Charles de Gaulle, haviam salvo a sua vida. Mas, quem era aquela bela
espanhola, pouco se sabia a respeito dela, tinha a pele alva da cor dos lírios
silvestres, de olhos e cabelos negros como a flor da noite.
Angel ainda se encontrava hospitalizado e
naquele momento, pela janela do seu apartamento contemplava toda a melancolia
da tarde partindo, quando de repente a porta se abriu, e a imagem de Anália,
surgiu no umbral; olá, comandante! Como está a sua recuperação? Angel Martin,
surpreendeu-se com sua formosura tinha tomado conhecimento através de amigos
que ela teria sido fundamental para que ele tivesse sobrevivido. Dirigiu-se ao
seu encontro e à abraçou calorosamente, quero agradecer a senhorita, por ter
ajudado a prolongar a minha permanência neste plano, a sua pronta intervenção
foi decisiva. Após breve visita, Anália, se foi deixando no recinto um aroma de
um perfume que Angel conhecia muito bem, tinha a essência dos sândalos de Sam
Sebastían.
Finalmente, Angel, teve alta e voltou as
suas atividades normais, mas pode observar que por coincidência ou não, passou
a ter uma profunda amizade com a estonteante, Anália, quando não a encontrava
na escala de viagem, se deparava com ela, na academia, no teatro, nos
restaurantes que costumava a frequentar. Pela primeira vez sentiu-se atraído
por alguém, após a partida de sua querida e amada, Andressa, mais era um
sentimento diferente que não conseguia explicar. Quem era misteriosa Srta.
Puentes? Tudo que sabia era que ela tinha nacionalidade espanhola, e às vezes
que ele procurava obter dela alguma informação, a mais, ela desconversava sem
acrescentar maiores detalhes.
Era uma maravilhosa noite de verão, Angel,
tinha escolhido o lugar perfeito, estava de folga juntamente com à sua
tripulação, na encantadora cidade de Algarva, Portugal, escolhera à afrodisíaca
Praia da Luz para comunicar à Anália, que estava perdidamente apaixonado por
ela.
Soprava uma airosa brisa, no imponente
restaurante à beira mar, podia-se respirar toda a magia do momento, ao som de
um piano-bar. De repente a exuberante, Anália Puentes, adentrou ao recinto,
estava mais fascinante do que nunca, havia um brilho diferente em seu olhar, seu
corpo se assemelhava às deusas do olimpo; no seu sorriso estava presente a mais
formosa rosa desabrochando nos canteiros divinos
Chegara o grande momento, Angel Martín,
conduziu-a para um lugar que tinha cuidadosamente escolhido, os raios prateados
do luar iluminavam a orla praiana. O experiente comandante, que tantos desafios
havia enfrentado em sua vida estava ali, estático, contemplando a fascinante
beleza daquela mulher que despertava o seu coração para amar outra vez. No
entanto, hoje, ela parecia diferente algum traço no seu semblante era familiar.
Inesperadamente, ela foi quem iniciou a
declaração apaixonada; seus lábios se abriram tenuemente, Angel, eu sempre lhe amei,
amo e amarei, pois, o meu amor por você é eterno transcende o limite da razão.
Ele a fitou perplexo, sem conseguir entender absolutamente nada do que estava
acontecendo. Não fique triste por eu ter partido da sua vida prematuramente,
nada foi por acaso eu teria de ir àquela viajem não foi culpa sua, tudo já
estava traçado pelo destino, e, eu não poderia muda-lo, a minha missão na terra,
terminou naquela estrada, rodeada pelas flores daquela linda primavera. Hoje,
eu sou e serei enquanto me for permitido seu anjo protetor.
Angel Martín, estava paralisado, atônito,
suas pernas pareciam fraquejar, às lágrimas escorriam pelo seu rosto, enquanto
a presença física de Anália Puentes se transfigurava para Andressa Vasquez, aos
pouco seu vulto foi sumindo em meio as ondas mansas rodeadas pelas espumas
brancas daquela linda madrugada.
Quando os fatos acontecem e contrariam os
princípios da normalidade que norteiam a nossa existência, que vão de encontro
aos nossos dogmas e crenças, fica evidente que a nossa passagem neste mundo é
apenas uma travessia para um outro mais evoluído.
NOTA
DO AUTOR: Esta é uma obra de pura ficção qualquer semelhança é mera
coincidência.
Autor
– José Valdomiro Silva
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