Hoje, eu quero ser eu sem você,
enfrentar meus medos, sofrer com as minhas decepções, compartilhar comigo
minhas alegrias. Poder olhar no espelho da minha existência e não temer os seus
reflexos.
Hoje, não quero conter àquela lágrima que não
deixei escorrer pelo meu rosto, nem tão pouco liberar àquele falso sorriso que
machucou meus lábios e transformou meu semblante no avesso dos meus
sentimentos.
Hoje, eu quero
parar no tempo! Sentir suas transformações, percorrer cada parte do meu corpo,
suas nuances, repassar o videotape da minha vida; caminhar pelos verdes campos
da minha infância, velejar pelos mares dos sonhos da adolescência, voar pelos
ares perfumados da juventude; dos encontros secretos, dos primeiros amores,
sentir no meu âmago o gosto amargo da renúncia.
Hoje, só hoje,
eu vou editar o texto que eu escrevi, só pra mim, em cada parágrafo uma
lembrança de um tempo que não volta mais, que me deixou cicatrizes que me
marcarão para sempre e momentos de pura felicidade que jamais esquecerei. Em
cada vírgula um novo recomeço, pois o viver é assim, o show não pode parar, ele
tem de continuar, o script que recebo não tem roteiro definido pelo destino; é preâmbulo
de uma nova história sem ponto final, que começo a escrever a partir de agora.