sábado, 30 de maio de 2015

EU (CRÔNICA)

            Hoje, eu quero escrever só pra mim. Percorrer meus caminhos, seus atalhos, me embrenhar no mais profundo do meu ser. Buscar as resposta que eu tanto me fiz e não consegui encontrá-las.
         Hoje, eu quero ser eu sem você, enfrentar meus medos, sofrer com as minhas decepções, compartilhar comigo minhas alegrias. Poder olhar no espelho da minha existência e não temer os seus reflexos.
           Hoje, não quero conter àquela lágrima que não deixei escorrer pelo meu rosto, nem tão pouco liberar àquele falso sorriso que machucou meus lábios e transformou meu semblante no avesso dos meus sentimentos.
        Hoje, eu quero parar no tempo! Sentir suas transformações, percorrer cada parte do meu corpo, suas nuances, repassar o videotape da minha vida; caminhar pelos verdes campos da minha infância, velejar pelos mares dos sonhos da adolescência, voar pelos ares perfumados da juventude; dos encontros secretos, dos primeiros amores, sentir no meu âmago o gosto amargo da renúncia.
          Hoje, só hoje, eu vou editar o texto que eu escrevi, só pra mim, em cada parágrafo uma lembrança de um tempo que não volta mais, que me deixou cicatrizes que me marcarão para sempre e momentos de pura felicidade que jamais esquecerei. Em cada vírgula um novo recomeço, pois o viver é assim, o show não pode parar, ele tem de continuar, o script que recebo não tem roteiro definido pelo destino; é preâmbulo de uma nova história sem ponto final, que começo a escrever a partir de agora.