Volgograd, antiga Stalingrado, Rússia,
uma das cidades de fundamental importância pelo seu passado histórico, foi onde
os soviéticos conseguiram derrotar os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Tem
encravado em seu território vários monumentos que fazem alusão à vitória contra
os alemães.
É nesse cenário de conquistas que o nosso
herói começa a dá os seus primeiros passos, Andrey Demitriev, nasceu no dia 23
de setembro de 1920, ouvindo o barulho dos aviões da Força Aérea Alemã, Luftwaffe,
bombardeando Volgograd. Filho de um General de Exército, logo cedo passou a ter
conhecimento das atrocidades da guerra, tinha um sonho secreto que ele guardava
em segredo, voar queria ser um piloto da Força Aérea Soviética, no seu corpo corria o sangue dos grandes desafios
e não demorou muito para o jovem Demitirev, realizar o seu sonho, ser um piloto
de uma aeronave de combate. Ficava horas e horas observando os pontos luminosos
que pareciam gotas de diamantes ornamentando o firmamento da cidadezinha onde
morava e ouvindo o barulho dos caças de combate.
Com apenas 15 anos de idade ingressou na
Escola de Aviação de Krasnodar para formação de pilotos militares. Foram
períodos de exaustivos treinamentos para o jovem sonhador que almejava alcançar
o estrelato maior da aviação militar soviética. Aos 19 anos já era considerado
um gênio dos palcos aéreos e logo se tornou o mais jovem comandante de um
esquadrão de caças, pilotando um dos aviões de combate mais eficaz da época, um
Yakovlev YARK – 3.
Andrey, era o melhor, sempre lhe era
confiada a execução das missões mais arriscadas, das quais dependiam a
segurança da sua amada nação. Colecionava uma vitória atrás da outra, no
entanto, no dia 07 de novembro de 1944, aconteceu uma catástrofe que até hoje
não tem explicação para o triste fato. Um número desconhecidos de aeronaves P-
38 Lightning dos EUA decolou em uma missão para atacar tropas terrestre alemãs
perto de Kosovo, infelizmente os militares em solo eram soviéticos, aliados, os
comandantes russos tinham enviados os caças YARK – 3, para proteger as tropas na região e o combate no ar
foi inevitável, erro que custou caro a ambos os lados, pois dezenas de
aeronaves foram derrubadas. O caça pilotado pelo ás da aviação Militar
Soviética, Andrey Demitrev, foi abatido, mas por forças ocultas do destino o
jovem piloto Russo foi socorrido ainda com vida para uma base militar.
Começava ali a mais cruel das batalhas
que o Coronel, Andrey, travaria em sua vida. Após longo período de internação,
que culminou com várias cirurgias a que teve de ser submetido, ele conseguiu
vencer aquela que seria sua última batalha a de poder continuar vivo,
entretanto, talvez tivesse sido melhor para ele ter partido junto com os seus compatriotas
naquela fatídica noite de novembro.
Recebeu da equipe médica que o salvou à
notícia que ele sempre temia e poria um fim na sua trajetória de glórias, ele
jamais voltaria a voar, iria ser transferido para o comando das operações
táticas do centro aeronáutico, em terra.
Para ele a partir daquele momento nada
teria mais sentido, não saberia mais viver sem está pilotando no campo de
batalha em defesa da seu país, principalmente da maneira como foi retirado das
linhas de combate, uma ação desastrosa, cometida pelos aliados, havia ceifado
dezenas de vidas e destruíra a sua carreira para sempre. Era voando que ele se
sentia feliz, mesmo convivendo constantemente com o perigo de ser atingido em
meio aos frequentes bombardeios que enfrentava.
Mesmo sendo condecorado pelo Estado Maior
da Aeronáutica pelos relevantes serviços prestados a Nação Soviética, era
considerado um astro da aviação militar, no entanto, não tinha mais sentido
continuar mais vivendo, pois o seu mundo não era mais o mesmo.
Quando adormecia, já não mais sonhava com
a beleza do firmamento que tanto admirava quando era criança, suas noites eram
dominadas pela angústia dos pesadelos que o atormentava, com às imagens do
ataque que culminou com a derrubada do seu caça pelas forças aéreas aliadas. Às
vezes acordava em meio à madrugada, como se aquele passado se tronasse presente,
o barulho ensurdecedor das metralhadoras disparando centenas de tiros em sua
direção e ele, atônito sem entender o que acontecia, pois o ataque que estava
sendo alvo, partia das forças aliadas, que estavam ali para protegê-los. A
única coisa que ainda se lembrava foi quando o seu avião foi atingido e ele não
teve mais como controlá-lo caindo rodopiando como uma flor que se desprende de
uma roseira e cai girando num jardim desconhecido.
A guerra já tinha terminado deixando para
trás um rastro de destruição no continente europeu, e agora o desafio era
recomeçar, não somente as perdas materiais, mas principalmente a saúde mental, os
traumas psíquicos que levariam anos para serem curados.
Era uma linda tarde de abril, primavera,
em Moscou, da varanda do seu apartamento, Andrey, contemplava a bela paisagem à
sua frente, era o ano de 1948, a natureza acordara de um longo sono,
enclausurada pela neve do inverno, a paisagem era belíssima, e aos poucos às
lembranças foram trazendo para o presente tantos momentos lindos que viveu e
julgava ter esquecido. E as lágrimas irrigaram às rugas do seu rosto sem que
ele pudesse contê-las.
Manhã ensolarada de junho do ano de 1949,
era o último mês da primavera, o perfume dos lilies, carnations, orchids e
roses, aromatizavam o ar, trazido por uma suave brisa que arejava os parques e
jardins da capital Soviética.
O oficial, Andrey, depois de tantas tentativas
sem lograr êxito, finalmente havia conseguido uma permissão especial para fazer
um voo de despedida, já que estava indo para o serviço inativo militar.
Finalmente chegou o grande dia, em sua
homenagem às tropas perfilaram-se na Base Aérea de Moscou, a primavera, já se
despedia era o seu último dia, quando o Coronel Andrey Demitriev, pilotando um
PE -2, decolou para aquele que seria seu último voo, era o crepúsculo da
realização dos seus sonhos, o menino sonhador que queria conhecer o espaço,
entrava para os anais dos heróis, entrou para à história da Aviação Militar Soviética, como sendo um
dos maiores pilotos da Segunda Guerra Mundial. Rapidamente alcançou o limite
máximo de altitude e desapareceu por entre às nuvens, e nunca mais voltou.
Os Estados Unidos e a União das
Repúblicas Socialista Soviética, jamais revelaram o que de fato aconteceu no
dia 7 de novembro de 1944, o mistério permanece até os dias atuais e talvez
jamais saberemos a verdade.
NOTA
DO AUTOR: Esta é uma obra de pura ficção qualquer semelhança é mera
coincidência.
Autor
– José Valdomiro Silva