sábado, 19 de setembro de 2015

UMA NOVA ÉPOCA (CRÔNICA)

                               Ano de 2015, mês, janeiro, dia 08. Inicia-se uma nova fase da minha existência, talvez no meu egoísmo ou vaidade, recuso-me acreditar que o tempo passou tão rápido, e eu não percebi o efeito de sua metamorfose sobre o meu ser: suas marcas se acentuam no meu corpo, no grisalho das mechas que tonalizam meus cabelos, o aviso prévio de uma nova era que surge. Como por encanto a maquiagem vai se desfazendo deixando à mostra uma imagem, que de agora por diante me acompanhará. Que eu aceite ou não, os atos e ações que pratiquei e vivenciei, serão apenas reflexos de um espelho que me revela a realidade do hoje. São experiências que trago comigo para o instante presente, e que servirão de referência para os meus passos futuros.  
                         Ah, vida, vida minha, teus fetiches, tuas fantasias, teus sonhos e verdades, são estradas secundárias que me conduzem pelos teus cruzamentos, pelos teus canteiros de flores e espinhos que me levam pelos teus atalhos desconhecidos. Que me faz contemplar o horizonte distante que aos poucos vai se afastando do alcance do meu olhar e se perde na densa neblina dos anos que se foram. Sentado à beira do caminho rabisco meus versos na areia branca da praia que me abriga e dá harmonia às minhas rimas. Poemas e poesias se misturam com o franjar bordado das espumas das ondas mansas de um mar sereno, que me fascina com seus mistérios. E, lá vou eu velejando pelo oceano das minhas lembranças, ressuscitando do baú da minha memória uma época que vivi.      
                     Imerso nos meus pensamentos sou envolvido pelo abstrato nevoeiro das recordações, dos sentimentos, da ausência dos talentos que ficaram perdidos pelo meio dos caminhos que eu trilhei, daquela lua feiticeira que me seduzia com os seus raios prateados de neon, do canto solitário de um violão pela madrugada afora; pela saudade dos amores que passaram por mim e que em algum momento me fizeram acreditar na magia de um sorriso, nos sentimentos anônimos que não chegaram a ser expresso na singularidade das palavras.
                        No encanto do viver, eu sou como um pássaro que deixou o aconchego do seu ninho, e se foi a voar em busca de outras paragens que pudesse abrigar seu coração solitário. Às asas do destino me levaram sem me permitir escolher o itinerário da minha viagem.        

                     O ilusionismo da juventude se foi, como a água das fontes cristalinas que escorre para as cachoeiras, partiu num sopro de um vento praiano, de uma brisa fagueira que acariciou meu rosto pela última vez numa linda madrugada do verão do ano de 2015, mês, janeiro, dia 07.