sábado, 27 de outubro de 2018

REFLEXOS DO TEMPO


Fecho os olhos e imagino,
Como síria o meu reencontro
Com os fatos de antigamente,
Tantos sonhos esquecidos
Pelos caminhos que percorri.

Trilho as estradas secundárias
Da minha memória,
Arquivos secretos,
Que eu não explorei.

Segredos que ainda permanecem
Virgem na minha mente
Que talvez, por medo,
Eu nunca quis conhecê-los.

E no intrínseco do meu ser
As flores do passado
Começam a reflorescer;

E, então eu me vejo
Na tosca imagem
Refletida no espelho do tempo.
Navego no oceano das recordações
De águas turvas e cristalinas,

E aos poucos eu percebo
Que tudo foi apenas uma miragem
O que passou, se foi,
Não volta mais.

Sozinho aqui estou,
Na passarela deserta do ontem,
Sem saber se o amanhã virá.








  




domingo, 21 de outubro de 2018

NOVO AMOR


Meu olhar passeia pela praia deserta
Vejo à tarde partindo
Mas, onde está você?

Será que já me esqueceu!
Ou ainda alimenta aquele sonho
Lindo que vivemos.

Será que não ficou nada
Para ser lembrado?
Nem um pedaço da felicidade
Que norteou nossos caminhos.

O murmúrio das ondas
 Nos despertando ao amanhecer,
  Me faz recordar você;

Que nos fazia mergulhar
No imenso oceano
Dos prazeres épicos.

Mas, você não está mais aqui;
E, eu sozinho me vou
Pela praia deserta,

Berço dos nossos encontros.
Quem sabe! Um novo amor
Encontrarei ao entardecer.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

CRIANÇA ADORMECIDA (CRÔNICA)


          Na inocência de uma criança está retratada toda pureza da vida, o desabrochar de uma flor divina, advinda dos jardins do paraíso, na doçura do seu olhar encontramos uma paz infinita que transcende a racionalidade humana; do seu sorriso emana a mais bela canção que acalanta nossos sonhos e nos faz navegar pelo oceano das emoções. Anjo de candura que do brilho do seu olhar espraia a tênue luz do incondicional amor.         
           As crianças nascem em um mundo cujas regras precisam aprender e, como parte desse aprendizado, sempre questionam essas regras. Com o passar dos anos, vamos parando de questioná-las porque nos parece mais simples aceitá-las. Assim, andamos nas calçadas, comemos com talheres, escovamos os dentes e mantemos as roupas abotoadas. Todavia, a criança que habita dentro de nós continua de olhos bem abertos e pronta para questionar qualquer regulamento que lhe pareça absurdo.
           Às vezes obrigamos a criança interior a ficar em silêncio, pois suas perguntas nos embaraçam. Podemos ralhar com ela, escondê-la, puni-la, mais não temos como tirá-la de lá. Quando colocamos essa criança para dormir, estamos perdendo uma das melhores partes de nós. É certo questionarmos, queremos ver por nós mesmos, em especial quando nos é solicitado fazermos algo que perturba nossa consciência. A criança não precisa sempre levar a melhor, mas merece nosso amor. Portanto, ame e nutra a criança que existe dentro de você, dê atenção às suas perguntas, que lhe poderão trazer novas respostas.
           Deixe-a livre para percorrer os caminhos da volta; das lembranças que outrora nos elevou pelo mundo mágico da puerícia. Pelos caminhos abstratos da imaginação; dos momentos lúdicos vividos no encanto da infância.
           Assim desperta a saudade que vem de longe que nos conduz por entre a poeira do tempo e nos faz outra vez sentir em nosso rosto a suave brisa da liberdade.