quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

CAMARIM DAS LEMBRANÇAS


Eu queria tanto começar
Tudo outra vez!
Poder seguir as marcas
Que deixei esculpidas

Em algum lugar,
Por onde eu passei.
Sentir o fulgor das manhãs nascendo
Iluminando meu ávido rosto
Aquecendo o meu corpo.

Viver a ilusão de que o tempo
Não passou para mim;
Que o rio da minha vida
Não desviou o seu curso.

Que a plateia do teatro
Da minha existência
Que um dia me aplaudiu,

Na última cena que interpretei,
Ainda está lá esperando
O meu retorno.

Que o camarim das lembranças
Ainda guarda os disfarces;
Que caracterizaram os diversos
Personagens que vivi.

Mas, o que fazer se tudo passa!
Se todo começo tem um fim
Que em dado momento

Nossos caminhos se entrelaçam;
E, depois tomam direções
Opostas aos nossos anseios.