REENCONTRO COM O TEMPO

 

Vejo a sua imagem perambulando

Pelos meus sonhos;

De um tempo que foi lindo vivê-lo

Seus cabelos esvoaçando ao vento.

 

De repente me encontro contemplando

Aquela paisagem que certa vez me fascinou,

E acreditei no brilho de uma ilusória fantasia,

 

Desfilando pela passarela da minha vida

Com o seu corpo de menina moça

Bailando para uma plateia iluminada

Pela emoção de contemplar seu mavioso sorriso.

 

Vislumbrei naquele inocente olhar

Todo encanto da sedução dos amores,

Que surge em meio ao brilho das estrelas

Que cintilam no infinito azul do firmamento.

 

Mas, você me deixou sem dizer adeus,

Se foi em meio os reflexos celestes

Partiu para abrilhantar outros mundos

Levou consigo parte de mim;

 

Um coração amante que se perdeu

No vazio que ficou nas palavras que não foram ditas

Nas incontidas lágrimas que não consegui

Secar quando rolaram pelo rosto.

MUSA DA ARTE

 

Ontem tentei lhe encontrar

Por entre as estrofes das minhas poesias

Revi os meus versos e rimas

Mas onde você estava?

 

Talvez, em algum lugar das lembranças

Cavalgando comigo pelas minhas insônias;

Pelos virtuais caminhos do meu pensamento

Esperando-me numa esquina qualquer da vida.

 

Encontrei-a nas palavras adormecidas

Nas aconchegantes manhãs de inverno

Que me agasalhavam com os desejos

De me abrigar do frio da solidão;

 

Nas frívolas noites de outono

Que me fascinavam com a sua mudança

De roupagem renovando a natureza

Com a doce magia da transformação;

 

Nas ardentes tardes de verão

Que me aqueciam com o calor da vida

Que umedeciam o meu corpo

Com a seiva da sua transpiração;

 

Na ternura da brisa das madrugadas de primavera

Que aromatizavam os meus sonhos

Com as suas flores noturnas

Que me fascinava sob a luz do luar.  

 

 

 

 

 

 

VIAJANTE DAS EMOÇÕES (SONETO)

 

Sou um viajante das emoções!

Das proibidas paixões

Que acreditei que eram verdadeiras

No entanto, me enganei, eram passageiras

 

Como a suave brisa que sopra dos montes;

Assim, são os sentimentos dos amantes,

Momentos lindos que são vividos

E inesperadamente são esquecidos,

 

E ficam adormecidos pelas estradas da vida

No silêncio de um adeus sem despedida,

De tudo fica um pouco para ser lembrado.

 

Guardo na lembrança o brilho daquele olhar

Que em mim despertou o desejo de amar

Numa noite mágica de firmamento enluarado.

 

MINHAS IMAGENS

 

Quando anoiteceu fechei meus olhos

Adormeci na relva do tempo

E vasculhei o meu mundo

Revivi cada instante da minha vida.

 

Então me reencontrei com as minhas imagens

Flutuando pela beira mar de uma praia deserta,

Parecia feliz contemplando a pureza daquele mar

Suas mansas ondas desfaziam minhas pegadas

 

Com as suas brancas espumas como antigamente.

Enxuguei o pranto que marejava  no meu olhar

Ao contemplar o esplendor do por do sol

Senti o frescor daquela brisa desaliando meus cabelos.

 

Era o descortinar dos sonhos do passado

Dando passagem a realidade do presente,

Vivi tudo outra vez, como se não existisse o amanhã,

Vi os momentos felizes que estavam adormecidos

 

Despertarem para o invisível mundo das lembranças;

Senti o mavioso cantar dos pássaros

Anunciando o nascer de um novo amanhecer,

E do meu coração brotaram as flores da saudade;

 

Dos amores que nasceram sob os raios do luar

E se foram quando a aurora desfez o encanto

Das luzes, das fantasias, dos romances proibidos.

Aos poucos fui percebendo que era apenas um sonho,

As lágrimas rolavam pelo meu rosto

E, eu chorei por tudo que passou e não vivi.

 

 

 

 

SENDAS DOS CAMINHOS

 

Meu olhar se perde na distância

No meu coração você continua ausente,

Demora que só aumenta a minha ânsia

De tê-la em meus braços novamente.

 

Sei que você partiu numa linda noite

Ladeada por uma revoada de pétalas;

Numa suave brisa que a levou num açoite

E no  firmamento a transformou em estrelas.

 

Nas maviosas noites de verão

Tentei lhe encontrar por entre as lembranças,

Só então percebi que tudo foi ilusão

Um casual encontro das minhas andanças.

 

Pelas sendas dos caminhos da vida

Vou tentando esquecer o que passou;

Tendo como companheira a despedida

De um  sentimento que outrora brilhou

 

Nos sonhos que nasceram nas madrugadas,

Embalados pelos acordes das canções

Pelos ébrios boêmios cantadas

Escritas sob a luz dos lampiões.

 

Mas, que fazer se verdadeiramente lhe amei

E acreditei na ficção de um amor ardente;

Emoção que senti quando lhe beijei

 E que aos poucos foi se tornando ausente.