POEIRA DO TEMPO

  

De repente a poeira do tempo

Passa por mim

E me faz relembrar os momentos passados

Que marcaram minha vida.

 

Vêm de longe trazidos pelos ventos

Das recordações adormecidas

Nos vales, parques e jardins,

Que costumeiramente me abrigaram;

 

Em seus bancos rodeados

Pelos seus caramanchões,

Decorados pelas suas flores

Perfumando às minhas tardes.

 

Que me deram abrigo quando a melancolia

Tomava conta de mim

Na minha incessante procura

Pela felicidade que só existia na minha mente.

 

Reflexos de estranhas luzes,

Que iluminavam meus caminhos

Com às suas multáveis caricaturas

Que transfiguravam o ambiente.

 

Vivi às fantasias dos meus sonhos

Fugi dos pesadelos que me assustavam

Nas solitárias madrugadas.

TEMPO LINDO

 

Procuro retratar nas palavras

A sua passagem pela minha vida

Então relembro o brilho

Daquele olhar feiticeiro,

 

Que certa vez me encantou

E me fez viver um sonho lindo;

E mostrou os floridos

Caminhos do verdadeiro amor.

 

E o envolvente perfume do seu corpo

Em mim ficou para sempre,

Talvez, tenha sido apenas uma ilusão,

Suave como a brisa da noite.

 

Hoje sinto a falta que você faz em mim

Quando do sonho desperto em uma madrugada

Iluminada pelos raios prateados do luar.

 

E quando às lembranças comigo vem morar

Encontro-me com o vazio da sua ausência

Uma frase que ficou incompleta;

 

Que não consegui concluir

Antes da sua partida,

E cada vez que vem à sua recordação

Meu olhar se perde na distância

De um tempo que foi lindo demais vivê-lo.

MARIA

 

Maria de tantas marias!

Marias das santas marias;

De um olhar brilhante

Como as estrelas no céu cintilante.

 

Maria suave como o aroma das flores

Que viveu tantos amores,

Que foi amante da vida

Escrava de uma paixão incontida

 

Como a chama dos desejos;

Dos roubados beijos

No crepúsculo do entardecer

Que jamais irá esquecer.

 

Maria das marias da avenida!

Do samba no pé na sua escola querida;

Eterna deusa da comunidade

Que já nasceu celebridade

 

Quando o sol nos montes despertava

Emoldurando o morro que acordava.

Menina que se tornou princesa

De exuberante beleza.

 

Maria das marias que por aqui passou!

Que foi amada e também amou

Que viveu tantos momentos lindos

E um dia disse adeus às passarelas sorrindo

 

 

 

ROMANCE OCULTO

 

A tênue luz iluminava o ambiente

Na penumbra das suas lembranças

O mundo despertava no seu subconsciente

Sonhava com beleza das suas tranças.

 

E viajava pelos caminhos das fantasias

Que outrora viveu;

O tempo passando com suas magias

Que junto com ela cresceu.

 

Como as borboletas  passeava

Pelos jardins encantados da vida,

Cada vez mais alta voava

Pelos atalhos da sua mente florida.

 

Seus sonhos flutuavam pelo ar

Como as nuvens de algodão

Renovando o desejo de amar

Adormecido em seu coração.

 

Ah, divino amor que nunca se revelou!

Que surgiu de repente como por encanto;

Que no silêncio se calou;

De um olhar marejado pelo pranto

 

De alguém que amou pra valer

E, viveu um romance que era proibido

Que nasceu num lindo noitecer

E que jamais será esquecido.

 

 

 

 

 

CAPÍTULO DE UMA VIDA

 

Por acaso passei por você

E você não me olhou,

Simplesmente fingiu não me vê

Esqueceu que um dia me amou.

 

Que juntos escrevemos um capítulo

Feliz das nossas vidas;

De um livro sem título

De autênticas linhas redigidas,

 

Que retrataram os belos momentos

Que marcaram à nossa felicidade;

Palavras soltas levadas pelos ventos

De uma eterna saudade;

 

Que ficou adormecida em algum lugar

Que certa vez nos acolheu,

E nos envolveu na magia daquele mar

Onde o nosso sonho nasceu.

 

E a ilusão habitou nossos corações

Sob o brilho de um encantado luar,

Inspiração das nossas ternas canções

Que nos induziu a amar.

 

Nosso tempo se foi e tudo mudou,

Trilhamos outros caminhos,

O que vivemos já não existe, passou;

E, as flores do nosso amor viraram espinhos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TRANSITÓRIA VIAGEM

 

Estou no meio da multidão aplaudindo

O tempo passando por mim;

Meus caminhos vou seguindo

Sem pressa de chegar ao fim.

 

Jamais poderei mudar os seus trajetos

Pois seus atalhos e vielas já foram traçados;

O destino os transformou em projetos

E pela vida foram planejados.

 

Minhas recordações voam

Levando os meus sentimentos

E na voz do vento ressoam

As fantasias dos meus pensamentos.

 

Sinto  a brisa suave acariciando meu rosto

E me banho no orvalho da noite

Que purifica o meu corpo

Com à magia dos seus açoites.

 

Sou enfeitiçado pela à sua sedução;

Pelos seus adornos mirabolantes

Que conquistou o meu coração

E me converteu no mais profano dos amantes.

 

Mas, que fazer se tudo que vivemos

É apenas uma efêmera passagem;

Capítulos de um livro que escrevemos

De uma linda e transitória viagem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ESTÚDIO DO TEMPO

  

Eu não queria te encontrar

Passei rapidamente sem te olhar

Mas, o teu brilho me alcançou,

E às linhas do meu rosto traçou

 

Quando te contemplei timidamente.

Pois já sabia que serias contundente

Pensei que tudo era uma miragem

Mas, na verdade era a minha imagem

 

Já destorcida pelo tempo vivido.

Fiquei temporariamente pávido,

As rugas na minha face

Pareciam retoques de um disfarce

 

Produzido no estúdio da vida;

Que outrora foi uma paisagem colorida

Como às flores da primavera

Que brota a cada era.

 

Sinto o aroma de um perfume diferente

Advindo de uma roseira florente

Como às liras da paixão

Inspiradora de uma linda canção.

 

Por um momento apago a luz do presente

E, retorno aos caminhos de antigamente

Dos atalhos frívolos da mocidade;

E adormeço no regaço meigo da saudade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VERSOS

  

Meus versos voam do pensamento

A procura da inspiração perdida;

Percorrem vales e bosques

Das minhas trilhas passadas.

 

Sinto no ar o perfume das flores

De um jardim que era só meu

Secreto repouso das minhas poesias.

 

Flutuam pelas praias nativas,

Berço das minhas meditações

Dos furtivos encontros

Com os amores proibidos.

 

Cavalgam pela nostalgia das madrugadas

Reduto das falsas fantasias,

Que tantas vezes foram fontes

Para suas rimas ardentes de paixão.

 

Caminham pelo infinito da minha imaginação

Roteirista das minhas ficções;

Que me acompanham na solidão

Dos sonhos que não se tornaram realidade.

 

Versos que navegam pela singeleza

Do mais intrínseco do meu ser

E, se encontram com a inspiração

Adormecida num cantinho do meu coração.

ANJO DO ENTARDECER

 

 

A ternura daquela imagem

Ficou gravada nas minhas lembranças

Talvez, tenha sido um anjo,

Que de relance passou na minha vida.

 

Desses que surgem de repente, do nada

E, quando o procuramos, já não o encontramos.

Ela se foi por entre a neblina

Daquela linda tarde de inverno.

 

Na meiguice do seu rosto

Resplandecia a pureza do seu interior;

E o brilho do seu olhar me fascinou

Como o fulgor das pérolas naturais.

 

Deixou o seu sorriso angelical

Que floreava os seus lábios

De menina mulher

No jardim das minhas ilusões.

 

Você não foi um sonho qualquer.

Não foi uma miragem que me confundiu

Num primeiro momento.

Você realmente cruzou meus caminhos;

 

Como o brilho das estrelas

Que refletem no infinito

Toda à beleza do firmamento.

AMORES DA VIDA

  

Ai amor, ai amor! Amor de tantas faces;

Dos belos rostos que tem no olhar

O feitiço de transformar à melancolia

De um coração solitário

No mais puro dos sentimentos.

 

Amor, que nasce na pureza

De uma flor desabrochando

No jardim encantado de uma primavera,

Que cobre os caminhos

Com às suas sedosas pétalas.

 

Amor, que brilha como às luzes do verão,

Que refletem no seu firmamento

Toda à sua apoteótica beleza;

Do sol ardente das Paixões

Que acende à chama viva dos desejos.

 

Amor, que se vai como às folhas do outono,

Que partem levadas pela brisa

Do crepúsculo da despedida

Com os seus lenços avermelhados

E se vão a esmo sem destino.

 

Amor, que se aquece no frio do inverno

Nos braços da mulher amada

Envolto pela neblina do prazer

De um sonho lindo de viver.

A CASA DA PRAIA

 

A casa da praia tem um chalé!

É linda e aconchegante,

Tem o telhado da cor de sapé

De uma beleza fascinante.

 

Sua arquitetura tem traços suaves;

Tem a sutileza de um templo de santa

Encravado no meio dos agaves

Que a todos encanta.

 

E, quando vem raiando

Um novo amanhecer,

As gaivotas voam bailando

Despertando do adormecer.

 

Suas paredes azuis e brancas

Refletem toda à sua magia;

Das suas varandas icônicas

Onde reina a calmaria.

 

Ela é atraente como o mar que a rodeia,

Ladeada pelo verde dos seus coqueirais

Ornamentada pelas conchas do marfim da areia

E os arrecifes com os seus belos corais.

 

A casa da praia tem às janelas amarelas!

Pintadas pelos raios dourados do sol

Como os mastros das caravelas

Que são guiadas por um místico farol.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VIDEOTEIPE DOS SONHOS

 

 

Se meu tempo fosse o seu

Talvez, o amor não tivesse partido

Dos nossos corações;

E as flores dos nossos sonhos

Não secariam jamais.

 

Mas, a vida tem em suas estradas

Sinuosas algumas derivações,

Que não percebemos

E nos perdemos pelos seus atalhos.

 

E às vezes nossa viagem muda de direção,

Navegamos em outros mares,

E aportamos em diferentes portos

Levados pela correnteza das incertezas

 

De uma carta náutica,

Que não foi traçada por nós;

Mas sim projetada pelo destino

E terminamos seguindo outros rumos.

 

E aos poucos nossos sentimentos

Vão se esvoaçando levados pela brisa suave

Que acaricia nossos corpos

Pela última vez.

 

Mas que fazer se tudo tinha que ser assim!

As Luzes e câmeras já foram desligadas

E a nossa história ficou gravada

No videoteipe das nossas memórias.