APENAS SAUDADE

 

E tudo que foi vivido vai se perdendo

Em meio a neblina do adeus,

Mais um ato do espetáculo da vida

Que se encerra com o apagar das luzes.

 

Berço dos anônimos velejadores

Que partiram em busca do amor perdido

Cenário que a natureza bordou

Com às suas diferentes matizes.

 

Minhas lembranças navegam

Pelos meus pensamentos

E no meu coração se aconchegam

Despertando antigos sentimentos,

 

Que se encontravam adormecidos

Nas vielas de um lindo anoitecer,

Que jamais serão esquecidos

Pois os sonhos nunca morrem, são imortais.

 

Aos poucos tudo vai passando;

As palavras vão se tornando monossilábicas

E o brilho do olhar vai perdendo o seu encanto,

As cortinas do tempo vão se fechando

E em breve tudo será apenas saudades.

IMAGINÁRIO DAS MEMÓRIAS

  

O tempo passa lentamente

E tudo vai se transformando

Deixando um rastro cadente

Num coração que continuará amando.

 

Os amores nascem nos caminhos da vida

Na leveza de uma brisa perfumada

Que revive uma imagem que não pode ser esquecida

E que nunca deixou de ser amada.

 

Talvez, tudo tenha sido apenas uma ilusão

De um sonho fugitivo de uma madrugada

Que despertou uma adormecida imaginação

Que passeava por uma trilha encantada.

 

E o tempo se arrasta pelas suas variantes

E nos faz relembrar coisas antigas,

Que já achávamos que não fossem importantes;

Das ardentes paixões meigas

 

Que foram utópicas e passageiras

E nos envolveram num ingênuo sorriso,

Que encontramos nas noites feiticeiras

E que nos levaram ao paraíso.

 

Mas o tempo passou e se tornou solitário

E junto com ele se foram nossas histórias

Que permanecerão vivas no imaginário

Dos arquivos das nossas memórias.

 

 

 

 

 

 

SINGULAR AMOR

 

Mãe, viajo pelas estradas do tempo

Sinto o perfume das flores do nosso jardim:

Dos nossos sonhos acordados;

Das madrugadas mal dormidas;

 

Dos encantos das suas místicas luas

Iluminando nossas noites

Com os seus pingos de diamantes

Joias divinas de um paraíso terrestre.

 

Mãe, recordo aquela casa simples

Aconchegante onde morava o amor;

Do seu cansado olhar

Que sempre me encorajava a continuar.

 

Jamais esquecerei como tudo foi lindo;

Os obstáculos que se sucediam

Eram vencidos com a sua perseverança

De que no amanhã tudo seria diferente,

 

Que o brilho da vitória viria logo ao amanhecer

Com apoteótica beleza do sol,

Aquecendo as nossas vidas com o seu calor

Sua mágica energia que nos despertava

 

Para um novo recomeço.

Eu queria acordar e viver tudo outra vez

Percorrer as antigas veredas

E me reencontrar com as marcas

Que deixamos pelos caminhos.

 

Mãe, você sempre será a chama viva

Que me aquecerá do frio da solidão,

A estrela guia que eternamente

Brilhará no firmamento da minha vida.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

AQUELE GRÃO DE AREIA

 

No perdido mundo dos sonhos lhe encontrei

Você foi aquele grão de areia

Que o meu olhar descobriu

No infinito universo da minha procura.

 

Talvez tenha sido um encontro casual

Que fez morada nos braços meus

Que deixou à sua doçura

Nos meus lábios quando encontraram os seus.

 

Vi o vento na sua agonia lhe levar para longe

Sem deixar nada para ser lembrado

Mas você continuo brilhando

No meu pensamento como antigamente,

 

E aos poucos à sua imagem foi surgindo

Emergindo da fonte do meu consciente

E me banhei nas águas cristalinas do prazer

De uma ilusão noturna,

 

Que me embriagou com o canto dos amantes

Das noites aconchegantes de uma lua

Bailando no firmamento prateado

Iluminado pelas boemias constelações.

 

Foi assim que me despedi da estrela bailarina

Atriz principal das minhas madrugadas enluaradas

Que se foi levada pelo tempo.

SIMPLESMENTE POR VIVER

 

Viver simplesmente por viver;

Caminhar lentamente pelos lençóis brancos

De uma praia deserta

Contumaz confidente de tantos segredos;

 

De corações solitários que ali os deixaram

Adormecidos sob a brandura de um sol

De final de primavera

Que se escondia por entre as sombras da tarde,

 

Encerrando mais uma encenação

No espetáculo do palco da vida;

Os refletores desse mágico teatro

Acende-se a cada amanhecer

 

E as trilhas do viver se renovam,

O sol desponta no horizonte 

Seus raios têm um outro brilho

Nos convidando para uma nova aventura.

 

Recebemos scripts diferentes

Escritos por um roteirista desconhecido

Somos atores de uma outra peça

Que foi escrita pelo destino.

 

Capítulos que se sucedem na epígrafe

Dos tempos que passaram

E deixaram uma eterna saudade

Dos momentos lindos que vivemos

E outros que deixamos de viver.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

FLOR DA AUSÊNCIA

  

Ele vem desabrochando lentamente

Foi semeado num momento de paixão,

Alguém ali o deixou no silêncio

De uma despedida;

 

E partiu por entre as lágrimas de um olhar

Que marejou na hora da partida

Que pela última vez contemplou o rosto amado

De um amor que se tornou proibido.

 

A flor da ausência tem um perfume diferente

É suave como as pétalas que flutuam

Levadas pela brisa do esquecimento

Que acolheu um nômade coração

 

Nos vales floridos que bordaram os sonhos;

Numa mágica madrugada

Pontilhada pelo brilho das ilusões

De um reluzente sentimento,

 

Que foi a essência de uma alma amante

Inspiração para às rimas e versos

Que deu vida uma linda poesia

Escrita por um poeta anônimo

 

Nas páginas de uma eterna saudade.

Lembranças das conversas informais

Nas noites enluaradas

 Dos furtuitos beijos ao acaso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LEMBRANÇAS RABISCADAS

 

De repente, mais que de repente tudo aconteceu

Tudo se foi como nasceu

Um olhar que se perdeu na distância

Dos atalhos dos caminhos da infância.

 

Estrelas que brilharam num firmamento enaltecido

De um amor eternamente adormecido,

Num lugar secreto do coração

Que outrora foi diamante de uma constelação

 

De tantos astros que iluminaram às noites brilhantes;

Paisagens que outrora foram fascinantes

Floridas com às cores das paixões

Espraiadas pelos seus belos caramanchões.

 

Guaridas dos eternos sentimentos;

Dos inesquecíveis momentos

Que fizeram parte de uma história

Que para sempre ficou na memória.

 

Vidas, vidas que se entrelaçaram,

E nas fantasias das madrugadas se amaram

Atraídas pelos ardentes desejos

Purificados pelas doçuras dos beijos.

 

Palavras que foram ditas e ficaram marcadas

Nas páginas das lembranças rabiscadas

Dos sonhos e amores vividos

Que se foram e jamais serão esquecidos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONJUGAR

 

Amar é um verbo que sempre irei conjugar

No silêncio, na ausência por onde passar,

Nunca vou esquecer que um dia amei

Que fui feliz enquanto sonhei.

 

Aprendi que o amor não possui identidade

Chega de surpresa não tem idade;

Certa vez ele fez morada no meu coração

Numa linda tarde de verão.

 

Fui aprendiz de um sentimento inebriante

Trazido por uma brisa esvoaçante,

Chegou de repente acariciou o meu rosto

E suavemente envolveu o meu corpo.

 

Senti o seu perfume incensando o meu ser

E o tempo me fez renascer

E me encontrei com as minhas recordações

Momentos marcantes das belas canções,

 

Que me embriagaram nas boêmias madrugadas;

Nos palcos iluminados de suas calçadas

Pelos lampiões de gás decorando suas ruas

Amado fui pelas suas feiticeiras luas.

 

Tornei-me escravo das ardentes paixões

Que me conquistaram com suas ilusões;

E na busca dos meus amores me tornei viajante;

Serei sempre um contumaz amante.

 

 

ESPUMAS BORDADAS

 

No azul do mar que me rodeia

Meu olhar perdido passeia

Talvez, lhe encontre como antigamente

Esquiando no meio das ondas suavemente.

 

Bailarina das águas encantadas

Que me enfeitiçou com suas espumas bordadas

Trazidas pelo misticismo de um vento

Que consigo levou meu sentimento.

 

Perdi-me no inicio de um final de um sonho lindo

Quando à sua imagem do meu pensamento foi sumindo

Por entre o nevoeiro das despedidas

De um amor que marcou às nossas vidas.

 

No solitário veleiro da saudade

Procuro-lhe pelas vertentes da felicidade,

Que purificaram nossos rostos

Com a seiva do prazer umedecendo nossos corpos,

 

Numa magica madrugada estrelada

Que iluminava a bela enseada;

Porto dos antigos amores

Dos barcos das perfumadas flores,

 

Que adornaram nossos  corações

E viverão para sempre nas recordações

De um tempo belo que vivemos

E que jamais esqueceremos.

 

 

INEBRIANTE AMOR

 

 

Na vida tudo passa

E você também passou

Foi como brilho da lua,

Que meu semblante encantou

 

Numa noite de estrelas cintilantes

Que meu rosto iluminou;

Deusa das madrugadas fascinantes

Que com os seus fetiches me enfeitiçou

 

E me fez acreditar na sua magia.

Embriagou-me com à sua essência de flor

Misto de realidade e fantasia

Que me fez pensar que era amor.

 

Mas tudo era apenas ilusão de momento

Olhares que por acaso se encontraram

Despertando um adormecido sentimento

Que outrora nossos corpos acariciaram,

 

E nos levou pelos caminhos dos sonhos lindos;

Dos incontidos desejos, das proibidas paixões;

Dos nossos delírios infindos

Quando o amor fez morada em nossos corações.

 

As lembranças vagueam pela minha mente

 Revejo minhas belas paisagens

Que não perderam o fascino de antigamente

Que marcaram nossas belas imagens.