sábado, 4 de março de 2017

SAUDADES DE CARNAVAL (CRÔNICA)



           Os clarins silenciam, o turbilhão da alegria passou levando consigo nossas fantasias, em um canto do salão um pierrô solitário chora porque a sua colombina se foi. A vida é arte de viver, e o carnaval é uma linda ilusão que nos envolve com a sua magia e nos conduz pelos caminhos do seu mundo fantástico. O tempo se foi, a maquiagem que transformou nossos rostos, que escondeu durante três dias as marcas da realidade cotidiana se desfez por encanto. No compasso da folia você fez a diferença; foi o mestre dos disfarces, diretor, roteirista e ator, personagem central de uma peça onde os sonhos se tornaram momentaneamente reais.  Por traz das máscaras, o anonimato das lágrimas se transformou em sorrisos, e os caminhos espinhosos ficaram floridos pelo encanto dos bailes e blocos norteados pela a emoção que se espraiou pelas passarelas do destino.           
             Está chegando à hora, o dia já vem raiando, à alegoria da saudade vai arrastando os últimos foliões que ficaram perdidos em meio à multidão, súditos de um curto reinado, que se recusam a acreditar que a bela utopia está chegando ao seu final; que os amores nômades e às ardentes paixões não mais voltarão, talvez, tenham sido produtos de um devaneio etílico, que o mundo da ficção nos proporciona, e que se transformaram em estrelas, que passaram a brilhar no firmamento, bem além da nossa imaginação, onde a felicidade é infinita.   
             A brisa airosa perfuma a última noite profana, lá no alto uma lua nua, exalta toda à sua exuberante beleza, iluminando o cenário do último show que o ilusionismo próprio dos eventos carnavalesco, proporciona às multidões que se entregam de corpo e alma a liberdade de contracenar, sem preconceitos com personagens das mais diversificadas classes sociais. Culturas que se entrelaçam com os diversos ritmos que compõem enredos e harmonias do universo da alegria
           Ébrias são às vozes que se misturam aos acordes das canções de despedidas, nos abraços derradeiros, no ultimo drink, no doce beijo da partida. O relógio do tempo é implacável; não podemos conter à sua invisível cronologia, seus ponteiros caminham lentamente, e quando se cruzarem, restará apenas uma saudade; uma grande saudade. 
           As luzes se apagam, o colorido que se fez presente nas avenidas; nas ruas; nas praças e palcos se transformam no preto e branco da realidade que anuncia que a festa terminou. As lantejoulas e paetês começam a perderem o seu brilho e se juntam aos adereços, que o vento das lembranças começa a levar na melancólica revoada do adeus.          

sábado, 25 de fevereiro de 2017

CARNAVAL (CRÔNICA)



               Lembro-me dos meus velhos carnavais!  Das troças animando às ruas com os seus personagens criativos e mágicos, do aroma perfumado tomando conta do ar e àquela cortina branca de pó transformando os rostos ébrios em autêntica bagunça.
              Ah! Quanta recordação que guardo dos belos carnavais de outrora! Do encanto dos blocos de elite com as suas coreografias coloridas espalhando alegria na multidão. Das marchinhas românticas conquistando corações apaixonados. Do frevo enlouquecendo foliões no meio do salão. Daquele beijo roubado, que não deu tempo descobrir de onde veio.
             Ah! São tantas lembranças; transporto-me no tempo: dos Palhaços, dos Pierrôs, Colombinas e Arlequim, do anonimato das máscaras, dos confetes e serpentinas adereços principais para o brilho do tríduo momesco. Mergulho no mar das ondas multicores das emoções norteadas pelo ilusionismo dos amores furtivos e passageiros que nasciam no efêmero mundo dos encantos e das seduções profanas.
            Hoje é carnaval! Três dias de sonhos e fantasias. Mande embora a tristeza e caia na folia e se deixe levar pelo lúdico sentimento que lhe invade. Viva cada segundo, minuto e hora como se fosse o último, e, quando às cinzas da saudade lhe despertar na quarta- feira, você verá que valeu a pena ter participado deste evento maravilhoso; chamado “CARNAVAL”.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

VERSÕES



Os caminhos que percorremos
São versões
Que escrevemos;
Norteados pelas emoções

Do um momento lindo,
Vivido em épocas distantes.
De uma bela luz surgindo
Em nossos semblantes,

Como às flores que nos encantam
A cada primavera;
Iluminando nosso olhar
Como a pureza das canções,

Que nos acalantam
Com o canto de uma nova era;
Que nos faz a amar
A mais airosa das estações.

É o reflorescer da natureza!
A esperança que se reveste
Com o renascer de um novo tempo,
Que ornamenta nossa trajetória.

Que nos extasia com à sua pureza
De um formoso ramalhete,
Levado pelo vento
Dos textos da nossa história.