ANJO DO ENTARDECER

 

 

A ternura daquela imagem

Ficou gravada nas minhas lembranças

Talvez, tenha sido um anjo,

Que de relance passou na minha vida.

 

Desses que surgem de repente, do nada

E, quando o procuramos, já não o encontramos.

Ela se foi por entre a neblina

Daquela linda tarde de inverno.

 

Na meiguice do seu rosto

Resplandecia a pureza do seu interior;

E o brilho do seu olhar me fascinou

Como o fulgor das pérolas naturais.

 

Deixou o seu sorriso angelical

Que floreava os seus lábios

De menina mulher

No jardim das minhas ilusões.

 

Você não foi um sonho qualquer.

Não foi uma miragem que me confundiu

Num primeiro momento.

Você realmente cruzou meus caminhos;

 

Como o brilho das estrelas

Que refletem no infinito

Toda à beleza do firmamento.

AMORES DA VIDA

  

Ai amor, ai amor! Amor de tantas faces;

Dos belos rostos que tem no olhar

O feitiço de transformar à melancolia

De um coração solitário

No mais puro dos sentimentos.

 

Amor, que nasce na pureza

De uma flor desabrochando

No jardim encantado de uma primavera,

Que cobre os caminhos

Com às suas sedosas pétalas.

 

Amor, que brilha como às luzes do verão,

Que refletem no seu firmamento

Toda à sua apoteótica beleza;

Do sol ardente das Paixões

Que acende à chama viva dos desejos.

 

Amor, que se vai como às folhas do outono,

Que partem levadas pela brisa

Do crepúsculo da despedida

Com os seus lenços avermelhados

E se vão a esmo sem destino.

 

Amor, que se aquece no frio do inverno

Nos braços da mulher amada

Envolto pela neblina do prazer

De um sonho lindo de viver.

A CASA DA PRAIA

 

A casa da praia tem um chalé!

É linda e aconchegante,

Tem o telhado da cor de sapé

De uma beleza fascinante.

 

Sua arquitetura tem traços suaves;

Tem a sutileza de um templo de santa

Encravado no meio dos agaves

Que a todos encanta.

 

E, quando vem raiando

Um novo amanhecer,

As gaivotas voam bailando

Despertando do adormecer.

 

Suas paredes azuis e brancas

Refletem toda à sua magia;

Das suas varandas icônicas

Onde reina a calmaria.

 

Ela é atraente como o mar que a rodeia,

Ladeada pelo verde dos seus coqueirais

Ornamentada pelas conchas do marfim da areia

E os arrecifes com os seus belos corais.

 

A casa da praia tem às janelas amarelas!

Pintadas pelos raios dourados do sol

Como os mastros das caravelas

Que são guiadas por um místico farol.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VIDEOTEIPE DOS SONHOS

 

 

Se meu tempo fosse o seu

Talvez, o amor não tivesse partido

Dos nossos corações;

E as flores dos nossos sonhos

Não secariam jamais.

 

Mas, a vida tem em suas estradas

Sinuosas algumas derivações,

Que não percebemos

E nos perdemos pelos seus atalhos.

 

E às vezes nossa viagem muda de direção,

Navegamos em outros mares,

E aportamos em diferentes portos

Levados pela correnteza das incertezas

 

De uma carta náutica,

Que não foi traçada por nós;

Mas sim projetada pelo destino

E terminamos seguindo outros rumos.

 

E aos poucos nossos sentimentos

Vão se esvoaçando levados pela brisa suave

Que acaricia nossos corpos

Pela última vez.

 

Mas que fazer se tudo tinha que ser assim!

As Luzes e câmeras já foram desligadas

E a nossa história ficou gravada

No videoteipe das nossas memórias.   

SENSAÇÃO ESTRANHA

  

Quem sensação estranha!

Contemplo à noite surgindo

E a sua magia me encanta

E me deixo ser levado pelas lembranças

 

Das madrugadas de antigamente.

Parece que o tempo não passou

Os raios do luar continuam guiando

Os meus passos pelos caminhos de outrora.

 

E vou seguindo rua afora

Passeando e revendo às esquinas da vida,

Que por tantas vezes me acolheram

E me ensinaram a viver sonhando.

 

E de vez em quando à saudade

Faz relembrar o que já tinha esquecido,

Os momentos de ternura

Iluminados pelo brilho das estrelas.

 

Quando pela vez primeira contemplei o seu olhar

O meu mundo mudou,

E então senti algo diferente

Que agitou o meu pobre coração.

 

O aroma daquele perfume de flor brotando

Que me fez tantas vezes delirar

Seduziu-me com o seu carisma,

E me banhou com orvalho do prazer,

Que umedeceu o meu corpo

Com a mais pura das seivas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

AMORES TEMPORAIS

 

O encanto do amor foi quebrado

Quando à lua no céu despertou,

E aquele rosto tão amado

Nas cinzas do esquecimento se transformou.

 

As estrelas perderam à sua magia

E o palco dos devaneios ficou vazio;

Apagaram-se as luzes da fantasia

E se desfez o mito daquele fascínio.

 

E o lindo olhar de moça menina

Perdeu seu brilho esverdeado,

Quando o fim fechou  a cortina

De um sonho que jamais seria realizado.

 

Para trás ficaram antigos queixumes

Que já não mais valiam a pena ser lembrados;

Tantos velhos costumes

Que viraram rotina de outros passados.

 

Na vitrine do tempo só restaram recordações

Dos fugazes momentos vividos

Embalados pelas belas canções

Dos sentimentos lindos,

 

Que fizeram morada no frágil coração

De quem amou demais;

E de repente tudo foi apenas uma ilusão

Dos amores e paixões temporais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ESPELHO DA VIDA

 

Ontem, pensei que não tinha tempo

Mas na verdade,

Ele era meu companheiro abstrato

Que sempre estava ao meu lado.

 

Alertando-me que ele era muito curto

Mas eu não percebia que ele estava passando;

Aos poucos os seus sinais

 Foram se acentuando e me mostrando

A realidade que eu me recusava a aceitar.

 

Fui sentindo que o aroma do seu perfume

Já não era o mesmo de antigamente,

E no reflexo do espelho da minha vida

Percebi que tudo aos poucos ia mudando.

 

Meus cabelos tinham uma tonalidade diferente,

No rosto as marcas que revelavam

Que a juventude havia partido

E, nada deixou para ser lembrada.

 

Meu olhar em vão tentou encontrar

Aquele que um dia sorriu comigo

E, também juntos choramos;

Quando os nossos relógios

 

Cruzaram os seus ponteiros.

Foi então que me dei conta

Que eu tinha o tempo necessário

Para ser feliz e o deixei ir embora.

 

 

 

  

 

 

 

 

 

UM CORAÇÃO QUE CHORA

 

Que dizer quando o coração chora;

Chora de saudades por tudo que viveu;

Quando alguém que ele adorou foi embora.

Entregou os seus carinhos a quem não mereceu

 

E ele acreditou que era um amor verdadeiro

Que no firmamento como as estelas brilhava,

Não imaginava que era apenas passageiro

Frágil como à brisa que passava.

 

Mesmo assim ele foi maravilhoso

De sorriso lindo e  encantador

Que ao partir lhe deixou saudoso

Enquanto existiu foi arrebatador;

 

Mas ele foi se distanciando

Sua luz foi mudando de cor;

E tudo foi se transformando

Seu semblante já não tinha o mesmo frescor.

 

E aos poucos ele foi partindo

Deixando em seu lugar à solidão,

E sua bela imagem ao longe sumindo

Tornando-se apenas uma tênue ilusão.

 

E, ele chora, chora por tanto que amou;

Pelas noites alegres e  enluaradas

Que à sua vida transformou

Quando chegava às belas alvoradas.

 

 

 

 

 

 

  

UM ERRO TE AMAR

 

Talvez, tenha sido um erro te amar

Com o teu lindo rosto sonhar,

E nas belas noites de verão

Adormecer no acalanto da paixão.

 

O nosso sonho se foi com o tempo  

Partiu no sopro do vento

Que embriagou o nosso amor

Com a essência de uma rara flor,

 

Que num jardim especial floresceu

Quando amanhã nasceu,

E a luz do sol refletiu no horizonte

Iluminando o teu olhar brilhante.

 

Perdi-me em meio aos cruzamentos,

Que nortearam nossos sentimentos

Das impulsivas decisões

Que magoaram nossos corações.

 

Que fizeram em pedaços nossos planos,

E esquecemos que nos amamos

E passamos a trilhar outros caminhos

Nossas rosas secaram, só restaram espinhos.

O MESTRE DO RISO, PAULO GUSTAVO (CRÔNICA)

 

            Paulo Gustavo Amaral Monteiro de Barros, nasceu no dia 30 de outubro de 1978, em Niterói, município do Estado do Rio de Janeiro, nascido e criado em uma família de classe média, logo na infância já apresentava um comportamento diferente, e mostrava toda à sua criatividade, queria entregar as quentinhas que a mãe, Déia Lúcia, vendia para garantir o futuro dele e de sua irmã, de patins, atitude essa que ela não concordou, pois temia que as quentinhas não chegassem inteiras nas residências dos seus clientes.

           Foi um grande expoente da comédia nacional, portador de um talento fabuloso, logo ganharia visibilidade no meio artístico, em 2004, quando integrou o elenco da peça Surto, onde apresentou a protagonista que marcaria e transformaria a sua carreira para sempre como ator humorista, Dona Hermínia, começava ali uma das trajetórias mais brilhantes no cenário da nova geração de comediantes do nosso país. Dono de um estilo próprio, versátil e primoroso na criação dos seus personagens ele tinha a sensibilidade de em suas comédias produzir dentro dos contextos dos seus enredos, temas que eram conflitantes com realidade das famílias brasileiras, mais tratados e expostos com tanta arte e profissionalismo que não causou nenhum impacto negativo ao público, ao contrário, criou uma grande empatia e uma  relação de carinho e respeito por ele.     

             Sua mãe sempre foi à sua fonte inspiradora, foi ela quem deu vida a Dona Hermínia, seu pedestal dourado para que pudesse galgar o sucesso, como ator: no teatro, televisão e cinema, além de ser humorista, diretor, escritor, produtor, roteirista e apresentador. Um artista completo reconhecido pelo seu grande talento.

          Com à sua simplicidade sob cativar o afeto do nosso povo por onde passava era sucesso absoluto. Foi um artesão do riso; da alegria; da fantasia que norteava seus espetáculos. Um jeito simples de expor aos seus fieis espectadores a verdadeira realidade de uma sociedade carente de valores éticos.

          Deixa um legado fantásticos de obras que com certeza sempre serão lembradas em nossa cultura dentre os quais destaco no meio de tantas outras: Minha Mãe é uma peça, 220 volts, vai que cola, seu próprio programa de humor.

            Talentoso e dono de uma simpatia fora do comum que sabia como ninguém conquistar os seus admiradores de maneira cordial e elegante e sobretudo um ser humano maravilhoso, tinha um espírito grandioso, sempre preocupado com as causas sociais do seu país, inclusive, financeiramente realizava doações para programas de caridade que eram destinadas as comunidades mais carentes.

        Ele foi um artífice da emoção, o Brasil, gargalhou com ele, nos levou a conhecer um mundo diferente, onde reinava a liberdade critica dos modelos convencionais, que norteiam os nossos padrões sociais. Navegamos pelo oceano cênico da livre expressão onde a realidade dava lugar ao lúdico prazer de viver um novo tempo. 

        Hoje estamos todos de luto, uma luz se apagou em nossos palcos e se transformou em uma constelação, a brilhar no firmamento, pois com ele também se foram os seus personagens que tanto nos alegraram enquanto estiveram conosco. O mestre do sorriso partiu, ficaram as lágrimas e uma eterna saudade, seu talento e carisma estarão eternamente marcados na história do entretenimento e no coração de todos os brasileiros.

MEUS SEGREDOS

 

Meus amores proibidos!

São tantos que já passaram por mim

Que ficaram perdidos

No meu silêncio sem fim.

 

Alguns eu amei e fui amado,

Outros guardei num lugar secreto do coração,

Pois jamais poderiam ser revelados,

Talvez, tenha sido um belo sonho de verão.

 

Fui um contumaz amante que me fez prisioneiro

Dos sentimentos anônimos que me dominaram,

 E dos jardins dos desejos me tornei jardineiro,

Em cada flor a certeza, de que um dia me amaram.

  

Amores que se perderam no vazio da ausência

De um tempo que foi maravilhoso vivê-lo

Em toda à sua essência

E que jamais deverei esquecê-lo.

 

Pois com ele se foram meus ledos

Momentos fúlgidos que vivi,

E a vida transformou em segredos

Que nas páginas das lembranças reescrevi.

 

Parágrafos e capítulos não concluídos,

Pois eles compõem à história

Dos meus amores proibidos

Que só existem no acervo da minha memória.

 

MINHAS LEMBRANÇAS

  

Fecho os olhos e vejo

Minhas dunas brancas;

Figuras que se sucedem no cortejo

Das minhas adormecidas lembranças.

 

Do meu olhar perdido num ponto qualquer

De um rosto que por mim passou

De uma linda mulher

Que o meu semblante fitou,

 

E se foi por entre a multidão;

Deixando comigo apenas uma imagem

Que guardei no meu coração

Talvez, tudo tenha sido somente uma miragem.

 

Na brisa tênue que sopra

Sinto o cheiro bucólico dos vales verdes,

Que do orvalho das manhãs aflora

Da magia dos pássaros e seus acordes.

 

Ah, sinto saudades das lindas noites de luar!

Que iluminavam minhas brancas dunas

E, que me faziam sonhar

Com a beleza das suas campinas;

 

Dos encantos dos saraus de antigamente;

Da magia das suas rimas e versos

Que extasiavam o romântico ambiente

Com os seus lampiões de gás acesos.