CARTA

Meu olhar contempla

As rugas do papel amarelado.

Suas linhas desbotadas

Revelam a verdade;

Que eu não queria conhecer.

Que tanto relutei acreditar

Que era o parágrafo final,

De um sonho que foi lindo.

Viajo pelos meus cansados

Pensamentos, e me reencontro,

Com a emoção do primeiro

Momento quando te descobri,

Por entre às cortinas do tempo;

Adormecida no baú

Das minhas recordações

Flutuando ao vento.

Confidente dos meus segredos

Enclausurados nas tuas entrelinhas;

Que não chegaram a ser revelados

Pois se perderam pelos caminhos

Sem chegar ao seu destino.

As folhas do outono

Cobriram teus rastros.

E no silencio das respostas

Que não retornaram;

Segui vendendo minhas ilusões.

  

PERTINAZ PECADOR

Viajei pela meiguice do teu corpo;

Embriaguei-me com o teu perfume

E, me perdi nas brumas

De um ardente prazer,

Que consumiu meus sentimentos

E, me levou pelos caminhos

De uma utópica felicidade;

Que transcendeu a razão.

Dos amores passageiros;

Da brisa fagueira dos desejos

Que me possuíram,

E me fizeram flutuar pelos sonhos;

Que encontrei nas minhas

Madrugadas boemias.

Enamorado dos olhares

Que me atraíram

Com o seu falso brilho.

Pertinaz pecador;

Amante, seduzido, pelas

 Encantadoras belezas da vida;

Tão fugazes, tão místicas.

Então, me perco nas lembranças

Retidas na minha memória.

E, me encontro com às cicatrizes

Que o tempo deixou.

CUMPLICIDADE

Um coração que ama

Tem na alma

A chama ardente

Da paixão;

Dele a doçura emana

Como os raios do luar,

Daquela estrela cadente

Em seu finito clarão.

Brilho que reluz

Iluminando um semblante

Fascinado pelo amor,

Que floresceu num olhar,

Que à primeira vista seduz

Com seu aroma inebriante;

De linda flor

Que do jardim começa a brotar.

E no teatro da vida

Tudo acontece,

Sem tempo marcado

Para encenar a próxima cena.

Entre idas e vindas,

O sentimento de amar permanece

Na reciprocidade de ser amado;

Numa cumplicidade plena.